Semana 1 - Dona T., minha mãe.
Por muito tempo em minha adolescência, pensei que minha mãe fosse a origem de meus problemas. Entendi por fim, o quão tolo fui por pensar assim, ao perceber, tardiamente, que era a pessoa que mais queria ver o meu bem e a minha felicidade. Ela, inclusive, queria fazer isso bem mais do que eu, na época.
Aprendi a duras penas que ser mãe e pai requer escolhas difíceis, e a minha, que fazia o papel dos dois, num lugarejo que quer ser o Rio de Janeiro, mas tem a moral de Minas Gerais, teve de ouvir muitas inverdades e grosserias para ser a melhor das “mães solteiras” que alguém poderia ter.
Sabemos como essa classificação é ridícula, mas muitas pessoas são ridículas.
Ela, uma mulher sozinha e sem estudo, ganhando não mais que um salário mínimo a vida toda, criou dignamente 3 filhos.
E tenho plena ciência de que isso não foi fácil: as artimanhas e problemas do Fábio, as encrencas e namoros da Franciele e o albinismo e a depressão do “Alemão“. Ela venceu tudo. Brigou por nós, chorou por nós, foi humilhada e se humilhou por nós. Já se anulou por nosso bem-estar, já perdeu o sono e já visitou hospitais bem mais do que qualquer um gostaria, tudo isso para ficarmos bem.
Minha mãe sempre foi franca conosco, mesmo sem tino, sempre disse o que tinha de ser dito ou ensinado e nós nem sempre ouvimos na primeira vez, mas mãe,digo mãe presente, tem o poder de estar certa, mesmo quando toda a lógica do mundo diz que estão erradas.
Hoje os 3 bebês estão casados e com filhos, um concluiu a faculdade, outro está em curso, e outro pensa estar em Cristo. Podemos dizer, sem medo se errar que ela foi muito bem sucedida nesta missão, embora continue a se preocupar conosco e enquanto adultos, nos preocupamos com ela também.
Não poderia começar esse projeto de homenagens às pessoas vivas de minha vida, falando de outra pessoa.
Mãe, sei que não acessa a internet, mas conseguirá ver ainda assim. Eu te amo demais e quero que saiba que hoje entendo cada uma de suas escolhas e que mereci cada uma de suas broncas.
Luto por cada conquista em minha vida, seja acadêmica, artística, pessoal ou profissional pensando em de alguma forma, te deixar orgulhosa de mim e saber que fez tudo certo.
Reconheço sua luta e te uso de exemplo na criação dos meus filhos, que pensam, de verdade, que a senhora também é criança, por ter dito isso a eles e por mostrar toda vez que sabe brincar como uma… Isso explica muito de minha relação com o mundo.
Obrigado por tudo, minha guerreira, exemplo e amiga.
Dona T., Terezinha.
Sou o artista da família, mas a minha salva de palmas é para você!
Te amo.
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