terça-feira, 25 de novembro de 2008

Velho eu? Agora não!



Ao ler alguns comentários em outro de meus textos (9 MESES BRANCOS) notei que muitas pessoas têm uma relação diferente com o termo “velho” e a idéia de envelhecer. Numa conversa com um amigo decidi então escrever sobre isso e até salvei algumas de suas frases, mas agora mais de um mês depois, quando finalmente me pus pra escrever tal texto, ao ler as mesmas frases que guardei, me senti no caminho oposto. Eu assumo ser o que sou! Eu sou albino, gordo, obstinado, ainda jovem mesmo me sentindo um senhor de 76 anos num corpo de 24 às vezes, mas sei que quando chegar a minha vez eu vou querer dizer: já passei por muita coisa nessa vida, meu filho... Eu sou macaco velho! Mas até pra introduzir eu me alongo então vamos as tais frases:



“Velho é objeto usado, não pessoas. Pessoas não ficam velhas, e sim experientes na vida”.

“Ninguém é velho (usado) eu irei envelhecer, mas nunca irei ficar velho”

“Olha sua idade pra minha: eu tenho 31 e a sua é apenas 24. Eu sou mais velho? Não. Tenho mais idade!”

Conheço pessoas que tem tanto medo de ficar velho que ficam arrumando desculpas lingüísticas para fugir dessa condição. Desculpe meu amigo, mas você tem mais idade que eu e isso faz de você, portanto MAIS VELHO sim senhor!

Ter mais idade está anos luz de distância de ter mais experiência. Uma carola de 68 anos que passou a vida de casa para a igreja e para as quermesses nunca poderia rivalizar com uma menina de 12 anos que mora num trailer e trabalha no circo de sua família desde lavando a lona, trabalhando na bilheteria até voando pelo trapézio e viajando a cada 20 dias; ou ainda um rapaz de 20 anos que faz intercâmbio cultural em outro país! Nunca! Experiência se adquire com vivência de diferentes situações meus caros...

Mas voltando ao tema eu não queria envelhecer quando mais novo. Melhor: eu não queria ficar velho. Desejava seriamente morrer antes de ficar velho e começar a dar trabalho sem se dar conta ou ainda me tornar chato como aqueles de quem ria quando mais novo... Cheguei a pensar que se continuasse a viver como estava, morreria de velhice aos 45!

Hoje isso mudou. Não o fato de dar trabalho sem se dar conta, mas o fato de não querer, ou simplesmente me importar com isso. Quero ir até onde der. Se eu viver muito azar do mundo, pois serei um velho chato – não sei ainda o que precisamente me motiva essa afirmação... Pode ser o fato de já me achar um jovem chato, mas deixo as conjecturas para fora deste texto.

Envelhecer é triste, pois aproxima do fim do ciclo natural da vida até o mais atentado... Mas preciso ainda ter um filho (predileto assumidamente uma menina, mas além de ser cedo para falar disso, não sou eu quem lança os dados das probabilidades universais...), plantar uma árvore (tenho duas sementes especiais para isso; presente de um amigo quando falávamos disso), escrever um livro (tô na labuta pra essa parte) e por fim tenho de ter conhecido pelo menos 4 estados de meu país quando não algum outro país.

Isso não quer nem de longe dizer que feito isso posso morrer e tchau, mas quer dizer que já terei bagagem o bastante para não precisar negar essa parte da vida. Novidade para algumas pessoas: morrer faz parte da vida!

Todavia não se controla nem o inicio e nem o fim, somente o meio. Somos donos do meio, a vida acontece aí e quando esse meio já tá mais pra 9/10 tem que se aproveitar como dá...

Os olhos falharão? Então comece a exercitar a imaginação e o tato desde já.

Os ouvidos falharão? Comece a dar valor a certos sons maravilhosos e palavras especiais: “Oi’, “obrigado”, ”por favor”, “como você está?” Será muito úteis e mais prazerosas ainda de ouvir mais tarde.

Os passos se farão mais lentos e pesados? Aproveite a leveza do agora para correr um pouco. Ande mais. Se for possível o faça descalço na terra de vez em quando e lembre dessa textura, deste toque frio e do cheiro da terra molhada, pois dirão mais tarde muito mais do que você queria lembrar...

A memória falhará? Não precisa ser assim se a exercitá-la desde já. Jogos, brincadeiras, canções, não importa...

E o que importa? Cultive as amizades, pois longas tardes de conversa lhe parecerão mais agradáveis do que agora. Pode ser a única coisa pra fazer por muito tempo, então que seja com alguém que goste e tenha afinidade. Comunique-se mais. Se abra mais.

Sorria mais, pois ainda é possível fazer isso.