segunda-feira, 22 de junho de 2009

A Lágrima de Tanda - O Primeiro Sinal

- O céu está mais vermelho hoje do que de costume – disse Iktus, o elfo sem camisa de torso tatuado para Leira.
- É apenas impressão sua – ela respondeu – É o peso de Káli... concluiu tristemente.
- Não é não – ele afirmou resoluto erguendo os olhos e apontando algo no céu.

Ela olhou para o céu na direção que ele apontava e quase não acreditou no que seus olhos diziam a sua mente: um enorme redemoinho de nuvens alaranjadas soltando raios para fora e para dentro de seu eixo central: um olho negro como o céu da noite costumava ser.

- Arvin disse que tinha sentido cheiro de magia essa manhã. - Ele se lembrou.
- Pensei que fosse apenas a sua paranóia costumeira agindo, mas o que é aquilo?
- É a boca de La'Mór, o Senhor da Morte. É um Maelstrong!
- Não pode ser...
- Não há tempo para discutir isso. Vamos voltar. A Seita de Orvalhus precisa saber disso.
- E o sepulcro de Káli?
- Até conseguirmos mais tempo, o deserto será seu repouso. Sei que prometemos enterrá-la em solo Kanti, mas não podemos correr esse risco agora, aquilo parece estar se movendo e crescendo ao mesmo tempo!

Leira não gostava nada daquilo, mas sabia que seu amigo de tantas joranda tinha razão mais uma vez. Soltou a argola que usava para puxar o casulo de transporte de sua amiga. Iktus fez o mesmo.

- Apresse-se – disse Iktus olhando o céu se abrir e ser engolido.
- Calma! Voltou-se para o casulo e com um movimento suve das mãos a areia do deserto puxou o casulo para baixo da superfície como se tivesse vida e ouvisse o desejo da elfa.
- Desculpe-nos Káli - ela sussurrou antes de respirar fundo mais uma vez e se levantar.

Ambos correram então rumo oeste para que ainda tivesse esperança de vida em Peradór.

Enquanto isso isso o Maelstrong devorava as areias do deserto e as aves do céu.

Iktus estava certo: aquilo estava mesmo ficando maior

segunda-feira, 15 de junho de 2009

MEU NOIVADO






DIA 13 DE JUNHO DE 2009 - MEU NOIVADO

Odisséia Canina - O Cão de Guarda



Era um lindo dobberman, magro e forte como todo bom dobberman deve ser. Feroz e obediente.

Sempre fazia o que lhe mandava o seu dono com todo o afinco que podia, pois o compreendia. Era sempre reto.

Um dia, porém seu dono o mandou castrar por tê-lo mordido.

- Por que ele fez isso com você perguntou o cão do vizinho ao dobberman castrado.
- Porque eu o mordi.
- E por que você fez isso se sempre diz queo ama e obedece?
- Exatamente por isso.
- Não entendo.
- Ele saiu e disse para morder todo estranho que se aproximasse do portão.
- Ele é seu dono!
- Ele é um homem e eu sou um dobberman, posso amá-lo, mas não posso mudar a verdade de sermos estranhos um para o outro.
- E você guarda a casa dele ainda assim?
- Sou um cão de guarda. É o que faço.

terça-feira, 2 de junho de 2009

A Namorada Inesperada

Álvaro sempre esteve á margem de seus amigos, nunca fez um gol nas partidas de futebol, sempre era o último escolhido; nunca tirou a nota máxima em prova alguma mesmo sendo sempre o dono da maior nota da turma; nunca teve um porre nem mesmo conseguia fingir um; nunca teve um carro nem mesmo sabia andar de bicicleta; nadar então, só em piscinas de plástico!

Álvaro era tão à margem que gostava de fingir que não tinha um amigo imaginário aos 19 anos e que não fez xixi na cama até os 9 anos de idade.

Álvaro nunca teve uma namorada de verdade. Já teve muitas namoradas unilaterais (aquelas que apenas ele sabia do relacionamento, ela não), também houve a menina surda que não o agüentou por não entender o trajeto de suas mãos; teve a estudiosa da turma da sua irmã (5 anos mais nova) que o deixou 3 semanas depois de iniciarem o namorico por conta de sua presença constante... Um ‘chiclete’ como ela mesma dizia.

Mas isso mudaria depois que ele aprendesse a mexer no computador. Álvaro achava por influência de sua mãe que o computador era uma arma do Diabo para influenciar o mundo a esquecer o que é realmente importante para a vida com Cristo, mas depois de ser recusado por todas as meninas de sua igreja e ter sido alvo da zombaria dos meninos e cochichos dos mais velhos decidiu por fim se dar bem na vida. E apenas o computador poderia proporcionar isso sem ter que explicitamente fazer pactos com o Senhor das Moscas*.

* Senhor das Moscas é na verdade Belzebu e não o Diabo, mas convencionou-se que o diabo abraça todas as características e nomes dos demais demônios conhecidos.

Pelos motivos supracitados Álvaro não tinha um computador então recorreu a um info-centro onde não achou dificuldade para entrar em cursos para desvendar e aprender a mexer naquele monstro que seria o computador. Em breve aquele lugar seria para ele mais familiar que sua casa ou mesmo a escola. Não perdia uma oportunidade de ir até lá e o que outrora era um convite ao inferno agora era uma calculadora grande de fácil manuseio.

E foi justamente nesse lugar que uma tarde na fila conheceu Michele, uma moça negra de sorriso frouxo e olhos atraentes (um atraía o outro).Ele conhecia a todos por lá e não foi difícil se aproximar dela visto que ela já mostrou nutrir algum interesse por ele.

Era 9 de junho quando ela veio conversar em particular com ele. Andaram um pouco e depois da oitava indireta para ele finalmente aconteceu um beijo tímido que ganhou proporções de devassidão em questão de minutos. Poucas horas depois Álvaro e Michele estavam abraçados no ponto de ônibus quando rolou o diálogo ímpar:

- É engraçado como sempre procurei alguém, mas você apareceu justamente quando nem procurava mais – verdade, ele foi completamente absorvido pelo conhecimento digital.
- É
-- Seria bem legal ter te conhecido antes.
- É.
- Acho que se a situação fosse outra eu te pediria em namoro aqui mesmo...
- É? E por que não o faz?
- tenho medo de ser rejeitado de novo...
- Acha que se fosse te rejeitar estaria aqui abraçada com você em público?

Ele nunca foi muito rápido de pensamento não acadêmico.

- Então eu não vou perder essa chance... Quer namorar comigo?
- É... - Ele quase morreu de vergonha com o tom reticente daquela voz – quero sim – ela respondeu, e menos de 2 horas depois lá estava ele tendo seu primeiro porre de alegria!

Tolo, mal sabia o que estaria por vir.

Foi uma situação ímpar arranjar uma namorada 3 dias antes do Dia dos Namorados. Ele providenciou, portanto um presente para ela e levantou um dinheiro para poderem sair juntos para um cinema ou outro lugar que ela quisesse, todavia não foi o que aconteceu. No dia 12 lá estava ele no lugar marcado; perfumado e bem vestido; chegou meia hora antes e esperou até 2 horas depois.

Ela apareceu sorridente e bem produzida, mas o sorriso deu lugar a uma cara de cachorro –pidão e um discurso de companheirismo e piedade. O discurso resumia-se em:

- Acredita que justamente no Dia dos Namorados uma amiga minha ficou sem namorado? Ela está muito triste por conta dessa canalhice... Onde já se viu fazer isso com uma garota? Terminar o namoro no Dia dos Namorados! Ela sempre me ajuda e me apóia... Eu tenho que ficar do lado dela nesse momento difícil... Você entende, né?

E ele?

Claro que disse sim. E lá estava ele sozinho no primeiro Dia dos Namorados de sua vida que tinha certeza que não estaria sozinho.

No encontro seguinte ele a apresentou para sua mãe que achou a moça uma graça. Ela – Michele - estava cheia de dengos com ele e naquela noite ele viu iminente sua primeira experiência sexual!

Não foi o que ele esperava. Ela gemia como uma devassa e só permitiu que chegasse por trás!

Mas foi bom ainda assim. Naquele momento ele sentiu-se mergulhado na iniqüidade assim como dizia sua mãe que ocorreria sobre os computadores. Se a tivesse dado ouvidos...

Álvaro chutou o balde e resolveu curtir. Foi a raves, festas, “baladas” para acompanhar o ritmo de sua desvairada namorada. Numa dessas noites, depois de muita bebida Michele revelou que ela tinha outra pessoa. Ele não soube o que fazer e nem poderia; Ela estava bêbada. No dia seguinte a colocou contra a parede para saber melhor sobre isso e preferiu não tê-lo feito, pois descobriu que “a outra pessoa” era a tal amiga do Dia dos Namorados! Sua namorada tinha uma namorada!

(continua...)