segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Meus Caminhos - A Toalha


Desde minhas primeiras experiências de vida a arte se fazia presente assim como o meu gosto por ela.

Desenhar sempre foi um hobby e os rabiscos pela ins
istência e observação começaram a ganhar formas cada vez mais visíveis; claras. O mundo ganhava nova cara; tudo passou a ter silhuetas pretas imaginárias como se tivesse apenas duas dimensões: pessoas, lugares, objetos... As manchas nas paredes ganhavam vida, forma e se mostravam muito atraentes!
Nuvens? Nuvens?

Ah as nuvens...
As nuvens eram um espetáculo à parte. Não as admirava sempre por conta de minha sensibilidade à luz, mas já me encantei com muitos monstros, animais e objetos fantasiosos dançando no céu e dando lugar a outra coisa... O vento é um desenhista e tanto!

Ao entrar na escola primária conheci outra arte, outra paixão: o teatro. É incrível como é simples destruir anos de pesquisa para alcançar um resultado fácil... Lembro claramente de minha primeira participação no teatro de escola aos 7 anos, na segunda série do curso primário – ensino fundamental hoje em dia – Não havia figurino, cenário, maquiagem, luz, som... Nada. Apenas os gurizinhos declamando minúsculos textos para fazer seus pais babarem. Meu texto tratava de um menino pedindo ajuda a sua mãe para um trabalho escolar:

- Mãe, me ajuda com um trabalho?
- Claro meu filho, o que é?
- São algumas perguntas, mas só falta uma que não sei responder.
- Qual meu filho?
- Qual a maior invenção do mundo?
- Ah, meu filho, essa é fácil: a toalha.
- A toalha mãe?!
- É. Já imaginou ficar horas e horas no banheiro esperando secar?

Neste ponto os pais se racharam de rir e acharam super-fofo, mas principalmente me mostraram o gostinho de ser notado pela arte.
Naquele momento brotou ali uma centelha megalomaníaca na cabeça e eu pensei: “Eu quero isso pra mim!”

Cá entre nós?

...Ainda quero.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Imagens & Mensagens - Aparando as Arestas


Não é o meio mais legal, mas de certa forma todo mundo deveria fazer um tratamento no caráter vez ou outra...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

INÚTILIDADES PÚBLICAS - Futebol e Música... Um Casamento Inusitado


Esse texto NÃO é de minha autoria. Li no blog INTERNANDO - Sacanear é preciso... e como é (veja na minha lista de blogs, vale a pena) e postei aqui. Espero que o cara não fique zangado, mas como não gosto de futebol, tenho mais é que tirar sarro mesmo.






Grêmio = Sepultura - um de nossos sucessos internacionais. Mas na terra do molejo e do samba faceiro - exceção feita ao seu público fiel - muitos acham que eles pegam pesado demais.


Corinthians = Michael Jackson - um dos mais populares da história, envolveu-se em escândalos e até mudou de cor. Têm apostado em criancinhas como Lulinha e Dentinho.


Palmeiras = Aerosmith - A banda tem enorme tempo de estrada. Mas suas músicas só atingem o estrelato quando faz alguma parceria.


São Paulo = Queen - Já foi eleita a melhor do mundo uma quantidade de vezes. E um dos seus integrantes é assumidamente homossexual.


Santos = Beatles - Nos anos 60, não tinha pra ninguém, até hoje é lembrado no mundo inteiro pelos sucessos de 40 anos atrás.


Vasco = Oasis - Banda de qualidade e importância inquestionáveis. Todo mundo quer gostar dela quando ouve, mas a imagem do líder Euricão Gallagher faz muita gente sentir aversão.


Internacional = Led Zeppelin - Reinou nos anos 70 e morreu nos 80. Seus líderes conseguiram juntar os cacos e voltar nos anos 2000, com uma inesquecível turnê mundial.


Atletico MG = Raul Seixas - Mesmo sem ter alcançado o estrelato tantas vezes, conseguiu se consolidar como um dos artistas mais populares do país. Seus fãs são tão apaixonados que tem fama de malucos.


Fluminense = Titãs - Banda charmosa e simpática. No Brasil, é querida por muitos. O problema é que ninguém nunca ouviu falar fora de nossas fronteiras.


Botafogo = Rolling Stones - Seria o maior da década de 60, se não houvesse um rival mais popular...Teve seu Satisfaction em Garrincha. Há alguns anos retomou o rumo e está feliz da vida.


Cruzeiro = Paralamas do Sucesso = Na América do Sul é respeitado e campeão de vendas. Mas quando participa de um festival com bandas européias é café com leite.


Flamengo= Jorge Ben Jor - Há muito tempo não produz um grande sucesso, mas é incrível como segue popular e nunca sai da moda.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Direto da Gaveta de Idéias - Amor...






Tive uma conversa muito legal com um amigo e isso me motivou a rever minha gaveta de idéias e ressussitar um texto antigo. O escrevi em meados de 2005 e ainda hoje gostei de tê-lo escrito. Um texto livremente inspirado num desenho de Pepê & Jotabê, dois palahacinhos cheios de sabedoria e bondade, criação do italiano Wlater Costner que tornaram-se posteriormente mascotes de um movimento jovem: Jovens por um Mundo Unido. Vale a pena dar uma pesquisada no Google, mesmo que por mera curiosidade.


AMOR...

Hoje amanheceu diferente aqui no parque. Tudo parecia o mesmo, mas alguma coisa me perturba... Assim como a calmaria do lago...

Estou senado aqui a incontáveis dias apenas para encontrar a resposta que para a maioria não parece importante. Daí fico aqui só e calado, pois é realmente obra de Deus esperar que um dia a resposta venha sem ao menos pensar na pergunta.

Aqui conheci um jovem chamado Roberto, ele sempre vem ao parque pela manhã, se senta ao meu lado e começa a falar sozinho de como ama uma tal Catarina – uma moça que sempre passa de bicicleta e o cumprimenta sem parar o exercício. Volta e meia ele ensaia um pedido de namoro ou uma declaração de amor – a uma moça que ele mal conhece...

Mas esta manhã ele se atrasou... Ela passou, olhou para cá, parou, esperou... E se mostrou chateada ou aborrecida – algumas mulheres sentem coisas tão distintas com a mesma expressão – daí ela pegou uma pedrinha no chão – a menor que encontrou – lançou no lago e disse:

- Que droga! Ele deve ter se cansado de mim... Do jeito que fingia de dif´cil e foi embora sem ao menos me deixar dizer que o amava.

Não posso negar que fiquei surpreso e acho que agora olhando o lago tenho a resposta do que me faltava: o amor.

Afinal o que mais poderia ser tão pequeno quanto uma pedrinha de parque e ainda assim fazer com que alguém milhões de vezes superior trema todo e nunca mais seja o mesmo, porque ela sempre estará lá – no fundo – mesmo que não trema mais... Oh, o amor!

Agora posso descansar...

sábado, 29 de novembro de 2008

Trilogia Ébria (Parte 3) – Ébrio e Sóbrio?


Hoje me sinto bêbado de felicidade e não de álcool

Na que este não fosse acessível

Apenas acordei assim

Alegre

Só espero que nesse caso não tenha ressaca, pois não quero derramar lágrimas

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Velho eu? Agora não!



Ao ler alguns comentários em outro de meus textos (9 MESES BRANCOS) notei que muitas pessoas têm uma relação diferente com o termo “velho” e a idéia de envelhecer. Numa conversa com um amigo decidi então escrever sobre isso e até salvei algumas de suas frases, mas agora mais de um mês depois, quando finalmente me pus pra escrever tal texto, ao ler as mesmas frases que guardei, me senti no caminho oposto. Eu assumo ser o que sou! Eu sou albino, gordo, obstinado, ainda jovem mesmo me sentindo um senhor de 76 anos num corpo de 24 às vezes, mas sei que quando chegar a minha vez eu vou querer dizer: já passei por muita coisa nessa vida, meu filho... Eu sou macaco velho! Mas até pra introduzir eu me alongo então vamos as tais frases:



“Velho é objeto usado, não pessoas. Pessoas não ficam velhas, e sim experientes na vida”.

“Ninguém é velho (usado) eu irei envelhecer, mas nunca irei ficar velho”

“Olha sua idade pra minha: eu tenho 31 e a sua é apenas 24. Eu sou mais velho? Não. Tenho mais idade!”

Conheço pessoas que tem tanto medo de ficar velho que ficam arrumando desculpas lingüísticas para fugir dessa condição. Desculpe meu amigo, mas você tem mais idade que eu e isso faz de você, portanto MAIS VELHO sim senhor!

Ter mais idade está anos luz de distância de ter mais experiência. Uma carola de 68 anos que passou a vida de casa para a igreja e para as quermesses nunca poderia rivalizar com uma menina de 12 anos que mora num trailer e trabalha no circo de sua família desde lavando a lona, trabalhando na bilheteria até voando pelo trapézio e viajando a cada 20 dias; ou ainda um rapaz de 20 anos que faz intercâmbio cultural em outro país! Nunca! Experiência se adquire com vivência de diferentes situações meus caros...

Mas voltando ao tema eu não queria envelhecer quando mais novo. Melhor: eu não queria ficar velho. Desejava seriamente morrer antes de ficar velho e começar a dar trabalho sem se dar conta ou ainda me tornar chato como aqueles de quem ria quando mais novo... Cheguei a pensar que se continuasse a viver como estava, morreria de velhice aos 45!

Hoje isso mudou. Não o fato de dar trabalho sem se dar conta, mas o fato de não querer, ou simplesmente me importar com isso. Quero ir até onde der. Se eu viver muito azar do mundo, pois serei um velho chato – não sei ainda o que precisamente me motiva essa afirmação... Pode ser o fato de já me achar um jovem chato, mas deixo as conjecturas para fora deste texto.

Envelhecer é triste, pois aproxima do fim do ciclo natural da vida até o mais atentado... Mas preciso ainda ter um filho (predileto assumidamente uma menina, mas além de ser cedo para falar disso, não sou eu quem lança os dados das probabilidades universais...), plantar uma árvore (tenho duas sementes especiais para isso; presente de um amigo quando falávamos disso), escrever um livro (tô na labuta pra essa parte) e por fim tenho de ter conhecido pelo menos 4 estados de meu país quando não algum outro país.

Isso não quer nem de longe dizer que feito isso posso morrer e tchau, mas quer dizer que já terei bagagem o bastante para não precisar negar essa parte da vida. Novidade para algumas pessoas: morrer faz parte da vida!

Todavia não se controla nem o inicio e nem o fim, somente o meio. Somos donos do meio, a vida acontece aí e quando esse meio já tá mais pra 9/10 tem que se aproveitar como dá...

Os olhos falharão? Então comece a exercitar a imaginação e o tato desde já.

Os ouvidos falharão? Comece a dar valor a certos sons maravilhosos e palavras especiais: “Oi’, “obrigado”, ”por favor”, “como você está?” Será muito úteis e mais prazerosas ainda de ouvir mais tarde.

Os passos se farão mais lentos e pesados? Aproveite a leveza do agora para correr um pouco. Ande mais. Se for possível o faça descalço na terra de vez em quando e lembre dessa textura, deste toque frio e do cheiro da terra molhada, pois dirão mais tarde muito mais do que você queria lembrar...

A memória falhará? Não precisa ser assim se a exercitá-la desde já. Jogos, brincadeiras, canções, não importa...

E o que importa? Cultive as amizades, pois longas tardes de conversa lhe parecerão mais agradáveis do que agora. Pode ser a única coisa pra fazer por muito tempo, então que seja com alguém que goste e tenha afinidade. Comunique-se mais. Se abra mais.

Sorria mais, pois ainda é possível fazer isso.


quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Tapas da Vida - As Alianças

Existem momentos em nossas vidas - pelo menos na minha - em que ocorrem abordagens inusitadas apenas para me lembrar de algo que estava me escapando aos olhos naquele momento - quase como um tapa mesmo:"Ei, acorda! Olha o mundo girando!"
Dividirei alguns destes momentos com vocês a medida que for me lembrando deles... Ou a medida que for inventando...

Estava eu trabalhando numa exposição, caracterizado de cientista. Certo dia apareceu um menino perto de mim, me regulou de cima abaixo, parou na altura de minha mão e perguntou:
- O senhor é casado?
- Não – respondi.
- Então por que o senhor tem uma aliança? Insistiu o menino.
- Por que tenho uma namorada.
- E daí?
- Eu gosto dela...
- E daí? Se o senhor não é casado com ela não precisa usar aliança!
- É que ela mora longe e eu tenho muitas saudades dela.
- E daí?
- Daí que quando tenho saudade, olho para a aliança e dou um beijinho. Depois disso é como se estivesse de mãos dadas com ela.
- Ah ta. Brigado tio.

E saiu correndo. O acompanhei com os olhos e o vi abraçar uma mulher – muito provavelmente sua mãe – a apertou, beijou sua mão e não largou mais. Saiu dali de mãos dadas.

Primeiro quis chutá-lo para longe, mas depois agradeci por ele ter aparecido apenas para reforçar o que eu já sabia...

Sorria, antes que a vida lhe dê um tapa também...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Capítulo Osasco (Parte 1) - A Viagem



Namoro à distância tem alguns complicadores: a distância, por exemplo.

Tudo se amplia quando se está longe. E como não ter defesas para nada: a saudade, a raiva (quando ocorre), o ciúme (como ocorre...), o respeito, os planos...

Dessa forma algumas precauções devem ser tomadas para o perdurar de uma história assim. Tenho 9 meses de namoro à distância e na minha cabeça; nada mais natural que querer apresentar nossas famílias, uma vez que pretendemos nos casar um dia (deixo essa parte em off para outra ocasião) e ela já conheceu a minha... Eu devia levar minha família até ela.

Moramos em estados diferentes e não temos muitos feriados à vista...

Dane-se!

Ela faltou serviço e faculdade, podemos, portanto retribuir o sacrifício: Eu interrompi minha rotina de ensaios (estou numa montagem teatral para dezembro), minha irmã interrompeu seu curso de eletro-sei-lá-o-quê, e minha mãe faltou a alguns dias de trabalho.

Convictos nessa idéia então se iniciaram os preparativos e depois de um longo período de preparação lá estava eu na véspera da minha viagem, aliás, não foi uma preparação tão longa assim; pelo menos a minha parte: depois de comprar meias novas era preciso apenas uns 40 minutos para arrumar a mala e conferir tudo umas 248 vezes em câmera lenta...

Mas eu não ia só e aí sim começam os embates com o tempo. Ia com duas mulheres (minha mãe e irmã) e não quero ser alguém machista nem nada assim, mas puxa vida como elas conseguem levar tanto tempo para fazer coisas que para mim na condição de homem acho simples e como têm a capacidade de enfiar tanta coisa em tão pouco espaço? E como se abarrotar um volume já não fosse o bastante... Elas não acham o bastante e arrumam mais volumes para abarrotar!

Eu me viraria com uma mochila e se muito uma sacola plástica; elas precisam de 2 malas, uma bolsa, mais as bolsas particulares, mais algumas sacolas... Ainda bem que não temos cachorro senão eu ouviria seu latido abafado no meio da viajem, coitado.

Ok, malas prontas estamos prontos para partir e como de costume com muita antecedência (paranóica feminina) partimos.

Seria uma viajem de ônibus de Vitória (Espírito Santo) para Osasco (São Paulo), não só seria como foi, todavia a viagem deveria levar 14 horas e levou quase 17 (por mais que esse valor aumente toda vez que minha irmã conta).

O percurso foi tranqüilo. Ao meu lado minha irmã que incrivelmente falou pouco (e a amo muito por isso) e atrás de nós nossa mãe e uma senhora com seus quase 70 anos que não parava de falar de Jesus e de como ela saía para evangelizar e blá blá blá. A narrativa ganhava curvas interessantes quando ela começou a dizer que a maior bênção dela foi ter ganhado uma moto e que ela saia para o interior do estado sob duas rodas evangelizando com seus panfletinhos e a palavras de Jesus! Até aí era um saco tolerável, mas quando essa mulher inventou de ouvir música em seu mp4... Caralho! Que vontade de abrir a saída de emergência! Ela ouvia a música e balbuciava alguma cosa que não se parecia em nada com qualquer dialeto humano conhecido e o pior é que às vezes se empolgava e aumentava o volume da voz! O mundo está bem por eu não gostar de armas... Ah sem contar quando ela fazia uns movimentos que cutucavam meu acento e no meio do balbuciar surgia um “aleluia”, “a Deus”, “salvação”... Acho que se rola mesmo esta história de outra vida, voltarei como mulher e evangélica de sangue e carterinha...

As paradas eram curtas, mas muito boas para respirar fundo, contar até 10 quantas vezes desse tempo, ligar para avisar que estávamos bem e que chegaríamos no tempo previsto para respirar mais fundo ainda e retornar...

Ah! Um detalhe mais que importante: Não é que a digníssima da velha motoqueira do Senhor não roncava como o próprio Satanás! Caralho ! Que ódio! Nunca me senti tão orgulhoso em calar um instinto violento quanto dessa vez... Eu queria muito calar aquele ronco com minha meia ou com o lencinho podre do velho sentado ao lado no corredor. Acho que dormir ao lado do motor seria mais confortável e silencioso.

Tudo bem. Tudo bem.

Durante a noite (obviamente) mal dormida, reparei que o ônibus fazia algumas paradas não marcadas com certa freqüência e demorava horrores para voltar a mover... Acho que a bexiga daquele motorista era do tipo de um Kinder ovo: pequena, cheia de propaganda e sempre reservava uma surpresa, que nesse caso seria libera urina ou não libera urina. Surpresa! Nada de urina. Outra parada para conferir...

Pela manhã vi o nascer do sol muito bonito no meio da estrada. Isso me deixou mais feliz, mesmo por que indicava que faltava pouco para eu chegar a meu destino.

O tempo passa, o tempo voa e o trânsito de São Paulo continua como todos conhecem... Fui perguntar ao motorista quanto tempo demoraríamos para chegar uma vez que já havia passado 15 horas de viajem. A resposta dele foi a mais confortante possível: “Não sei”.

Como, por todos os duendezinhos bonitinhos de jardim a única pessoa que está no comando dessa viagem, a única pessoa com a mão no volante, a única pessoa com um crachá de motorista no peito naquele veículo não sabia me responder quanto tempo demoraria para fazer um percurso que esperava eu (ingênuo) que ele já tivesse feito 654 vezes naquela semana!??

Surpresa! Sem urina sem chegada. Filho da puta!

Tudo bem. Tudo bem.

A viajem passou. Atrasada, mas passou.

Não matei velha alguma.

Ainda há esperança de céu para mim...

No terminal rodoviário pego as malas, me certifico não ouvir nenhum latido abafado vindo do compartimento de cargas (nunca se sabe), respiro fundo, torço para não cruzar com a motoqueira do Senhor e o motorista da bexiga Kinder ovo nunca mais na minha vida, confiro se não me esqueci dentro do ônibus e parto para meu destino: Os braços e lábios de meu amor.

- Como foi a viajem?
- Ótima!

E um beijo faz parecer que cheguei depois de 5 minutos após ter embarcado...

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Viciado em Você (ou Não Nasci Para a Saudade)


Não falar com você é estranho
Muda tudo:
A cor da noite,
A temperatura,
O ânimo,

A poesia...

Estou mesmo viciado em você.

No fim das contas
Nos enrolamos:
Eu te aperto,
Você me acende
Nós viajamos...
Para onde?
Onde só o amor pode levar.

Shhhhh
Fala baixo
Não vacila
Não entendem o que temos
Se nos pegam nos internam
Se internados
Nos separarão para nos curar!
Quero ter uma overdose de você.
Fala baixinho e ficamos assim
Em segredo
Juntinhos
Até a última ponta.
Sorria por que chorar já não se pode mais...

As Incansáveis Fugas de Alvinho - O Grande Plano



Por que ser árvore se posso ser folha e voar quando ficar experiente?

Sempre quis fugir de casa.

Vez por outra me sinto sobrando onde estou: As cores se desbotam ou me ofuscam; as vozes me cansam ou me irritam e os lugares me parecem repetidos e sem graça como um tabuleiro de xadrez que não serve para mais nada além de uma partida de Damas de quando em quando.

Queria não me sentir como se tivesse 300 anos e precisasse fugir para não notarem que não envelheço... Às vezes parece que minha cabeça envelhece vários anos em um só ciclo solar. As coisas são muito mais simples quando se é criança... A menos que seja uma criança de 7 anos com uma cabeça de 35.

Pois bem, quando se é criança (independente da idade da cabeça), é agraciado com uma capacidade de agir por impulso: Se quer; faz, fala; não pensa ou filtra, apenas age. E foi no exercício dessa capacidade que vivi minhas mais diversas peripécias e fugas.

Era preciso apenas algo (minúsculo que fosse) para motivar minha jovem mente conturbada e precoce a entrar em crise de “ninguém me ama; ninguém me quer; esse lugar não é minha casa e essa gente não é minha família” parta então tramar e executar mais uma de minhas fugas... Sempre buscava a fuga definitiva. Queria pular no reflexo da lua e ir para lá no céu pertinho das estrelas pra ninguém mais me achar...

Fugir era bem legal. Uma aventura: Juntava uma muda de roupa, enrolava numa toalha listrada e saía de fininho. A trouxa numa mão e um pedaço de pau na outra por que eu não sabia amarrar que nem na televisão e a trouxa sempre caia do pau... Lá ia eu contra o vento e o mundo!

Odiava tudo! Cruzava poças d’água, bancos de areia, passava por pedras cheias daquele negocinho verde que escorrega, desviava dos olhares vigilantes e finalmente lá estava eu triunfante (depois de meia hora) no portão da minha casa!

Vislumbrava como o mundo era grande depois daquele ponto toda vez. Eu nem sabia que existia a rua do fundo ou uma escadaria gigante do lado da casa da minha vizinha! Nunca havia ido tão longe sozinho... E era justamente quando sentia esse gostinho de liberdade que as formiguinhas da minha barriga começavam a se agitar, daí qualquer som mais alto, carro estranho, sacola voando com o vento, homem feio ou latido de cachorro me fazia tremer de medo e voltar correndo para casa. Correndo e chorando.

Sempre chegava desconsolado às pernas murchas de gente grande de minha mãe que nem teve tempo para sentir minha falta e pedir todas as desculpas do mundo a ela. Ela, hora confusa, hora sabida desculpava e consolava.

Certa tarde meu mundinho de 7 anos (ou seria 35?) implodiu. Quanta raiva eu senti, quanta vontade de ir embora pra outra casa ou outra família ou morar sozinho na lua da poça d’água... Mas eu já estava esperto; sabia que não adiantaria fugir assim... Eu voltaria ou seria pego no caminho então tramei o mais engenhoso de todos os planos, que era seguinte:

Joguei um de meus chinelos por cima da cerca e deixei o outro perto dela, assaltei a geladeira e peguei tudo que precisava para me alimentar nos tempos difíceis que viriam: um pedaço de lingüiça, um tomate (que jurava ser uma maçã), um ovo e um pão; tudo isso enrolado em minha inseparável toalha listrada com minha muda de roupa (escolhida ao acaso) e por fim me escondi embaixo do sofá! Essa era a parte principal desse plano: Todo mundo ia dar falta de mim, iam achar o chinelo plantado, achariam que fugi e sairiam para me procurar e quando a casa estivesse sozinha eu sairia vitorioso debaixo do sofá e ganharia o mundo já que não adiantaria voltar para casa por que ela estará vazia e isso era uma das milhares de coisas que eu tinha medo. Eu ganharia o mundo (ou a casa da vizinha que não estaria vazia)! Pensei em tudo! Que gênio do crime eu era...

Esperei os adultos se distraírem com seus assuntos de gente grande e me esquecerem (coisa fácil) e então coloquei em prática meu grande plano: plantei os chinelos como pista falsa e me enfiei debaixo do sofá com minha trouxinha listrada.

Lembro como fiquei putinho da vida quando já tinham passado 2 longos minutos e ninguém apareceu. Daí resolveram assistir o jornal na TV (como eu queria afogar no Nescau quem inventou o jornal na TV, coisa chata!) e eu ali embaixo quieto, criminoso, irrequieto, vitorioso!

Só via as pernas grandes e murchas da minha mãe e minha vó de frente para a estante por debaixo do sofá... Uma delas tava com chulé, mas não quis descobrir qual; me afastei mais para o canto.

Por que as coisas que os adultos gostam têm de demorar tanto? Droga de jornal!

Cansei. Chorei e para não dar ouvido as formiguinhas... Dormi.

Acordei. Não havia mais pernas murchas e chulesentas na minha frente, apenas a estante com a TV desligada... Eu estava sozinho...Deu certo! Liberdade! Viva!!

Juntei as coisas. Espremi a trouxinha (quebrei o ovo) e saí debaixo do sofá e corri para a porta da cozinha... Ouvi vozes! Minha mãe e avó estavam voltando! Dormi demais... Corri para debaixo do sofá e lá fiquei quietinho...

Elas sentaram nele e vi que as pernas grandes de minha estavam tremendo e ouvi que ela estava chorando... Assustada... Preocupada... Nunca vi minha mãe chorar antes...

Daí um monte de formiguinhas começaram a se remexer freneticamente dentro da minha barriga e me deu muita vontade de chorar. Chorei.

Saí debaixo do sofá e foi uma festa! Nem levei bronca; só beijo e carinho, incrível!

Foram ótimos os meses que seguiram a esse episódio... Mas era mesmo um ótimo plano.

Um plano perfeito jogado fora, mas não tinha problema, pois eu tentaria de novo assim que elas esquecessem só que desta vez sairia pela janela da sala e não pela porta da cozinha e assim foi...

Resultado: Fui pego, levei bronca, apanhei, fiquei de mal das formiguinhas da minha barriga e desisti dessa história de fugir de casa...
Ta bom! Se dessa vez falhar e eu ser flagrado dentro dessa lixeira aí sim eu desisto, mas até lá... Toma açúcar formiguinha, toma. Come tudinho e me cala a boca vai...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Trilogia Ébria (Parte 2) - Coquetel de Versos



Certa noite saí com alguns amigos para uma rua de barzinhos. Não fui beber, fui estar lá.

Peguei um táxi para as estrelas e rapidamente cheguei na supernova mais lamacenta que puderam me indicar.

Adoro imaginar que as estrelas são anjos teimosos, bêbados e brilhantes...

Cada grupo que encontrei recitava um copo ou uma garrafa, quando não os dois ao mesmo tempo:

- Garçom, me trás um discurso!
- Só tem poema.
- Trás essa merda, mas com gelo e limão!


A poesia escorre dos copos
Desce pela garganta
Gelada, refrescante, purificadora!
Arregalando os olhos
Preparando um sonoro: Ah!
Delícia de vida fudida!


O caos delicioso
A ordem espumante
Os copos quebradiços
E as gargantas cegas gritam alegres
Comemorando toda sorte de azar,
Pois no amanhã terão de calar...


Geometria, impulso, prazer,
Sinuca, Sivuca, beber,
O estalar das esferas
Ex-belas não são,
Já que ainda choro
Com a bola 8 na caçapa do canto.


Bebo desejos caretas,
Arroto as preocupações,
Ressaco a brisa
E tropeço nos dias
Esperando o próximo final de semana
Que é onde começa minha felicidade.


- Táxi! Me leve pra outra consteãção!

***

Sorria, pois é a luz que preciso quando olho o céu... E se eu não ver: grite, pois ainda é possível fazer isso.

Rápido Devaneio Sobre Retas e Curvas


Retas incitam (?) velocidade, aventura.
Curvas incitam (excitam) e remetem a cautela, mistério.

“Que me perdoem as retinhas, mas ter curvas é fundamental”
A grande gafe distorcida de Buarque.

As magrinhas me remetem mais a má nutrição ou não amadurecimento físico que beleza padrão. Gosto de ter onde pegar. Desvendar as curvas de meu bem, mergulhando em seus mistérios e encolhendo-me em seu abraço.

Não quero curvas eternas, não me interessam as esferas ou passar a vida andando em círculos, todavia quero circundar meu alvo amor e tornar O o que muitos chamam de G!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Castelo Marginal

Castro,
O mastro do veleiro,
Poeta e poeteiro,
Poeta!
Poeta e fuzileiro...
Mestre e maestro,
Regente de tempestades,
Exemplo de bonança,
Munido de verdades,
Embebido de esperanças
Que suas verdades sejam apenas crianças.

Castro,
Equilibrando-se com lastros
De conceitos e devaneios,
Não esconde o seu rastro:
Deixa marcos por aí...
Pra quem quiser/puder seguir.

Suas palavras agridoces
Mais difíceis de engolir
Nutrem mais profundamente
Que comer, deitar, dormir.

Castro:
Fortaleza de curtos poemas,
Mas de larga poesia.

Flávio André Silva
Para Marcos de Castro, ator, poeta, boêmio e arrisco dizer... amigo.

domingo, 19 de outubro de 2008

9 MESES BRANCOS



Oi




Era uma vez uma palavra mágica que a tudo pode mudar... Aproxima pessoas, cruza histórias e recria caminhos.

Assim foi comigo. Um “oi” me ligou a pessoa mais especial (fora da família) que pude um dia conhecer:



Fernanda Quintiliano; minha amiga, aliada na postura social, companheira no amor a leitura e poesia, colega albina e principalmente... Minha namorada!

Uma pessoa que aprendi – muito rapidamente – a amar e, mesmo estando longe; estamos cada dia mais próximos! Hoje ao contrário de outros tempos, consigo me imaginar velho; uma vez que a quero perto por anos e anos e anos ainda. Um casal ímpar: velhos, albinos, confidentes, amigos, casados, amantes e eternamente namorados.

Foi uma trajetória longa e muito gostosa até esse aniversário de 9 meses, sei bem, mas para que tenham uma idéia do que falo, divido com todos uma pitada desse prato:

FERNANDA
E
FLÁVIO
UMA LINDA HISTÓRIA DE AMOR

O INÍCIO
Todo mundo que tem MSN há muito tempo já foi ou conhece alguém que já foi seqüestrado virtualmente para uma janela de conversa em grupo, pois bem essa história surgiu assim, ao acaso, resultante de um seqüestro virtual.

Tenho um contato que é uma espécie de Che Guevara virtual. Tem bom coração e boas idéias, mas lhe faltam tino e método... Exemplo disso eram os freqüentes seqüestros para discutir sobre direitos de que minha mente canhota não estava tão interessada com aquela abordagem inusitada. Numa dessas ocasiões pra fugir do tema central comecei uma conversa com uma das pessoas-reféns-contatos para passar o tédio e a raiva. Pra minha surpresa ela divide opiniões comigo e temos visões coincidentes. Começamos a conversar. Uma vez libertos continuamos a nos falar nos dias que seguiram.
- Oi
- Oi.
Assim conheci Fernanda e a conversa tomava forma.

AS CONVERSAS
Ela apreensiva fazia perguntas-testes que a protegiam de mais um contato chato ou efêmero, mais um momento fugaz de amizade e interesse via net. Eu me mostrei natural e bem humorado como é comum a mim. Falei de minha vida: que estudava teatro, pretendia escrever um livro, que tinha uma namorada, que estava numa boa fase da vida. Que ingênuos nós fomos!

OS ENCONTROS
O tempo foi passando e era como se entrasse para a agenda de ambos esperarmos a noite chegar para conversarmos. Nada demais, apenas um contato agradável de conversar. Não nos demos conta que nos laçamos desde o início... Poderíamos não existir no cotidiano do outro, mas assim que chegávamos em casa o outro se fazia presente na lembrança e o desejo de conversar gritava.

O NAMORO ANTERIOR
Eu comecei a me ver pensando muito nela. Não era mais apenas à noite. Quando via algo legal me lembrava dela e quando ela me presenteou com uma carta dizendo que não sabia o tipo de amor que tinha por mim:

“(...) Eu ainda não sei definir o amor que tenho por você: se é de amigo (apenas), se é de irmão (acho que não), se é de homem... (...)”

E completou a idéia com a expressão que ficaria muito tempo na minha cabeça:

“(...) Esse último é o que mais me preocupa, visto que temos muitas coisas que nos separam, mas, mesmo assim, eu adoraria estar ou te ter por perto.”

Horas a fio passei tentando me responder a mesma pergunta: “Que tipo de amor tenho por ela?”

Pensar nisso me jogou sem sombra de dúvidas em seu caminho. Foi aí que aquele "oi" fez um tilintar de sininhos mágicos... Conversamos sobre isso. Assumimos estar envolvidos e mesmo eu tendo namorada, não podia negar estar gravemente balançado. Prometi não deixar as coisas se alongarem a ponto de enganar nem uma nem outra...

“Não posso trair tantos corações”

Apesar de não me ser cobrado. Sabia que se esse sentimento crescia e, portanto teria de me posicionar; seja me afastando para não feri-la (mais) ou me assumindo como apaixonado por ela.

A ESCOLHA
Escolhi tomar uma atitude. Não deixaria isso perdurar, mas não fui tão bem sucedido nesse ponto quanto queria. Acabei por deixar chegar o Dia dos Namorados sem me posicionar objetivamente. E foi justamente nesse dia que a resposta veio até mim:

Marquei uma saída com minha (até então) namorada. Marcamos de nos encontrar no shopping. Eu cheguei antes e para matar o tempo resolvi rabiscar algo. Quando a avistei se aproximando li o que havia escrito e tinha em mãos a minha escolha... Estava no dia dos namorados esperando minha (até então) namorada e tinha acabado de escrever um poema para a Fernanda:

BRANCAS LEMBRANÇAS

Existe um caminho certo para os corações alheios?

Lembro de você em versos
Lembro de seu rosto como pintura viva
E sua voz como canção.
Queria ter inventado você para assinar tão bela criação

Nossa saudade faz parte da obra de arte (...)

Nosso beijo também duraria para sempre
E nossa valsa encantaria multidões;
Seu misterioso sorriso se mostraria só para mim...
Nosso amor é um grito que nos redime do mundo:
Um olhar, um sorriso, um beijo, uma lágrima,
Um aplauso, duas vidas, um amor.

Guardaria cada uma de nossas palavras coloridas
Em minha galeria de brancas lembranças
Onde eternizaria também para os outros
Minha galeria de lembranças brancas.

E seria até tolo alguém perguntar se a amava

Flávio André Silva


Não havia mais o que pensar, mas não tive coragem de terminar ali mesmo... Não fui homem o bastante para isso.

Resolvi esperar então uma data especifica que ocorreria dali a umas duas semanas, mas não consegui esperar. Na primeira visita que ela me fez depois daquilo eu abri o verbo:

“Tem outra pessoa em minha cabeça... Eu nem sequer a beijei, mas já estou completamente envolvido...”

Tenho pra mim que não a traí. Prometi sinceridade e penso ter cumprido.

Dias depois pedi Fernanda em namoro (só depois me dei conta que namorávamos desde aquele primeiro oi). Ela aceitou.

Um mês e meio depois estava eu na rodoviária esperando meu amor. Sim agora com todas as letras pra quem quisesse ouvir: A-M-O-R-!

Foi uma semana inteira de muita felicidade, desejos realizados, frustrações frustradas e loucuras. O Senhor das Escolhas Insanas encontrou seu par. Que saudade da minha doidinha!

Fernanda é inteligente, bonita, compreensiva, solícita, prestativa, carinhosa, doidinha, birrenta, jogo duro... Minha albina.

...Minha Branquinha!

Não pedi autorização dela para colocar aqui parte de nossa história, mas estou muito feliz com tudo que temos. Cada dia é uma luta. São muitos fatores adversos: distância, a descrença de outrem, saudade, carência, mas decidimos entrar nessa história sem medo. Ninguém disse que seria fácil, muito pelo contrário; sabemos que é, e será difícil, mas vale e valerá muito a pena ainda.

Fernanda, minha linda, meu amor. Obrigado por nossos momentos e histórias, nossa luta e nossas vitórias. Eu te amo!

PARABÉNS POR NOSSO ANIVERSÁRIO DE 9 MESES!
Relaxe por que essa história ainda tem muitos capítulos por vir.

"Daremos um passo de cada vez
Para chegarmos bem ao nosso happy end
(que para ser happy não será end)"
Sorria, pois sua felicidade me faz forte.
Te amo muito Branquinha.

sábado, 18 de outubro de 2008

Trilogia Ébria (Parte 1) - Sete Saltos na Lama


Um salto no futuro negro
Um salto na lama das iniquidades individuais
Vamos nos lambuzar no vinho
E torná-las coletivas!
Salte longe de casa,
Mas guarde um salto pra voltar
Salte sem medo da queda
Salte pra dentro de um bar!

O bar e sua acolhedora sabedoria
Seus gritos de CARPE DIEN
A saborosa discussão filosófica
Sobre a importância do pensar
E as possibilidades visuais e sociais
Das bolhas de cerveja na mesa.

Enquanto Martin discursa e canta
O mister pechincha poesia
Aos loucos bêbados,
Filósofos Artistas com tudo
E celebridades anônimas.

A noite termina sem brinde
Saltando trôpego a esmo
Com artistas cheirando a nada
E anônimos vestidos de tudo.

(Dedico a quem interessar possa)

EGOGENTES


EGO

Eu
Governo
Outrem


Conheci umas pessoas que encaram isso como uma verdade de vida e se pensar um pouco verá que esse nem é o real significado da palavra.

Nem preciso me importar com máscaras sociais perto de pessoas tais uma vez que ao olhar pra mim só vêem nossas qualidades coinscidentes, não passo de um manequim ambulante com um espelho no lugar do rosto. Cada palavra soa a essas pessoas como uma evocação a suas qualidades ou ações.

Sou burro
Sou feio
Sou lixo,
Mas sou meu!

Abraço meus defeitos e busco corrigi-los.

Me reservo o direito de ser tosco às vezes... Gosto de sê-lo pra me fazer entender e sei que os EGOgentes que lerem isso entenderão.

Sorrio, pois mesmo observado sinto vontade de fazê-lo!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O Passeio dos Ignorados


Quem tem boca
Vai a Roma,
Vaia Lula,
Cospe fogo
E não se perde!

Não dê armas aos historiadores,
Pois sabem usá-las
Melhor que seus inventores.

Atente para o tempo
E olhe onde pisa,
Pois
A causa pode estar bem clara,
Mas a luta será sempre escura,
As vítimas sempre cinza
E o sangue sempre vermelho.

Não macule
Quem asteia a mesma bandeira que você;
Não tente parar o tempo,
Ou entender o mundo todo de uma vez;
Não dê voz ao silêncio da paz;
Nem silencie o discurso de guerra.

Todos devem ser ouvidos
Inclusive quando lutam consigo mesmo...
Nem todo triunvirato precisa cair.
***
Sorria, pois me alegra vê-lo fazendo isso.

domingo, 12 de outubro de 2008

A Torre do Relógio - Cadê Meu Tac?!



Meu celular cai no chão
A bateria voa pelos ares
Sem repique de caixa
Nem marcação de chimbal.
Não ligo mais pra isso.
Não ligam mais pra mim
E a ligação se faz metáfora.
Então não ligo mais pra nada.

Tic Tac.
Quando fugi da prisão cotidiana fui recapturado ao ganhar um lindo relógio Tic Tac de pulso e de prata.

Fiquei exultante com o novo adereço, mas me apavorei ao vê-lo se revelar um novo grilhão... Praticamente, metaforicamente e literalmente!

Modelo incomum a mim; pus no pulso e não consegui tirar! Minutos depois da felicidade; o desespero. Tentativas vãs, frustrantes, desgastantes.

O homem não inventou o tempo, o descobriu.
Não o controla; o observa, conta.
Não o subjuga; é dominado por ele.

Quando aceitei o fato de estar preso e parei de pensar Tic, me soltei Tac.

Caramba, como era simples o meio! Uma travinha apenas e pronto. Era necessário apenas ter paciência para encontrá-la. Desde então aquele relógio se tornou especial; Não por me dominar, mas por ter me proporcionado essa lição (X). Não era mais meu contador de tempo, meu “apressador’’ ou agenda, mas meu gatilho de parada...

PRESS STOP.... SLOW TIC TAC.

Meu coração aprende a acompanhar minha respiração e desiste de ultrapassar meus pensamentos Tic Tac.

Ontem tirei meu relógio do pulso e coloquei no bolso da calça que usava, mas depois tive de trocar de roupa para um ensaio. Fui colocá-la num lugar seguro e não incômodo Tic Tac.

Um estrondo.
Uma bomba.
Um som opaco me revelou que o mundo estava prestes a parar... E assim que vi meu relógio caído no chão Tic sem Tac... O mundo parou!

Estava cercado por umas 9 pessoas separadas em 2 grupos e nenhum deles pareceu ouvir. Cadê meu Tac?!

Larguei a calça em cima de algo, me abaixei pra apanhar o relógio e eis que notei que a pulseira estava quebrada, Caralho! Cadê meu Tac?!

Ufa! Não estava quebrado. Uma pecinha se soltou com o impacto. A pecinha: uma travinha AQUELA travinha, o gatilho de meu SLOW-STOP.
Como vendo tão mal encontraria algo do tamanho de MEIA agulha?

Em volta o mundo girava.

Corria.

Mas meu mundo se mantinha inerte; estacionado. Não daria para pedir ajuda, pois estávamos em dimensões diferentes, portanto, abaixei mais ainda e procurei: Nada.

Considerei cruzar as dimensões e foi só então que despertei novamente (como quando se acorda de um sonho ainda dentro de um sonho) e percebi que estava fazendo as coisas certas pelos motivos errados (ou seriam meios?), enfim, quando me destravei dessa trava Tac encontrei a travinha de meu relógio a centímetros de mim e me toquei que o Tic Tac era meu uma vez que meu relógio é digital.

A relação que temos com o tempo é o que o torna nosso.

Não espere as 12 badaladas, ouça seus próprios sinos

e

Sorria porque ainda é possível fazer isso.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Miopia Virtual - Ainda é Possível Sorrir


Vejo pouco, mas sei das coisas. Tento conhecer o máximo até onde minha vista alcança...

Minha miopia é apenas um detalhe das coisas que sou, mas minha Miopia Virtual é um detalhe do que escolhi ser que reflete para onde quero olhar e como o mundo muda ao passar pelos olhos de quem quer realmente absorver algo.

Essa miopia se corrige ao ser confrontada por olhos que não são meus e é por isso que continuamos aqui: eu gastando meu latim de vira latas e vocês seu tempo. Sou feliz com cada olhar que recebo.

Obrigado.

Pensando neles resolvi fazer algumas considerações:


Todos querem um lugarzinho só seu. Um cantinho pra dominar e ser o rei do castelo ou a rainha do palácio

E é justamente por isso que venho recomendar a todos que visitem um desses cantinhos que apesar de particular é de pública visitação... Quem sabe isso os motiva a considerar a busca por seus próprios cantos...

MEU CANTINHO...
http://christorrezani.blogspot.com/
Chris arrasa e acho que nem sabe... Um exemplo de rainha com o palácio bem resolvido.

Não se preocupem se isso não ocorrer de uma vez... Todos temos direitos a Pensamentos Equivocados (
http://pensamentosequivocados.blogspot.com/ ) de vez em quando (quando não de vez em sempre!)...

Comece com coisas simples, pois no começo tudo não passa de Poesia de Pedra (
http://poesiadepedra.blogspot.com/ ) para então se dar conta que BORBOLETAS SÃO ROSAS QUE APRENDERAM A VOAR ( http://anna-otherworld.blogspot.com/ ) e aí toda sua escrita estará de prontidão, travessões argutos, exclamações eufóricas e quando se der conta terá então cada Vírgula Antenada ( http://virgulaantenada.blogspot.com/ ).

Outra oportunidade interessante pode ser sair para observar A Garota do Copo D’água (
http://thiarapagani.blogspot.com/ ) enquanto devora a noite como uma Omelete de Lichia ( http://omeletedelichia.blogspot.com/ ) acompanhado de um Gardenal com Pinga ( http://gardenalcompinga.blogspot.com/ ), mas eu vos alerto para não tentar ‘pechinchar’ ( http://www.dieymespechincha.blogspot.com/ ) com a vida sob os Olhos de Selene ( http://nuitari.blogspot.com/ ) ou acabarão como eu: preso em outras histórias... Eu e Outras Crônicas ( http://eueoutrascronicas.blogspot.com/ )... Um Pernóstico ( http://pernosticismo.blogspot.com/ )! Diferente do demais Albinos do meu Brasil ( http://albinosdomeubrasil.blogspot.com/ ).

Compliquei? Resolvo:

Todos querem um lugarzinho só seu. Um cantinho pra dominar e ser o rei do castelo ou a rainha do palácio

E é justamente por isso que venho recomendar a todos que visitem um desses cantinhos que apesar de particular é de pública visitação... Quem sabe isso os motiva a considerar a busca por seus próprios cantos...

MEU CANTINHO...
Chris arrasa e acho que nem sabe... Um exemplo de rainha com o palácio bem resolvido.

Não se preocupem se isso não ocorrer de uma vez... Todos temos direitos a Pensamentos Equivocados de vez em quando (quando não de vez em sempre!)...

Comece com coisas simples, pois no começo tudo não passa de Poesia de Pedra para então se dar conta que BORBOLETAS SÃO ROSAS QUE APRENDERAM A VOAR e aí toda sua escrita estará de prontidão, travessões argutos, exclamações eufóricas e quando se der conta terá então cada Vírgula Antenada.

Outra oportunidade interessante pode ser sair para observar A Garota do Copo D’água enquanto devora a noite como uma Omelete de Lichia acompanhado de um Gardenal com Pinga, mas eu vos alerto para não tentar ‘pechinchar’ com a vida sob os Olhos de Selene ou acabarão como eu: preso em outras histórias... Eu e Outras Crônicas... Um Pernóstico! Diferente do demais Albinos do meu Brasil.

Boa qualquer coisa pra vocês e lembrem sempre de sorrir, pois ainda é possível e permitido fazer isso.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Perguntas Recorrentes - Parte I


Tenho ouvido perguntas que me perturbam muito. Algumas pela tamanha idiotice e outras pela freqüência impressionante que ocorrem. Adoro que perguntem as coisas, de verdade! Mas tem coisas que... Melhor eu dizer logo:

Por que você é branco assim?
R: Sou albino. Não sou estrangeiro! Não sou doente como o Michael Jackson e não sou da Albânia! Procura no Google, caramba!

Por que seu cabelo é dessa cor?
R: Pelo mesmo motivo que o seu é assim. Segue um padrão cromático natural de acordo com sua fisiologia oras! Compliquei? Simplifico: Não tenho pigmentação nem na pele e nem nos pêlos e antes que me perguntem NOVAMENTE sobre os pêlos pubianos eu já respondo: Sim! Também são claros. Que cor queria que fossem? Azuis? Verdes?

Sua barba é de verdade?
R: Não. Eu monto minha barba todo dia com piaçava, anilina e cola branca, cacete! Que pergunta esquisita! É de verdade sim, assim como tudo meu. E não me venham chamar de Papai Noel ou serei obrigado a mostrar o saco!

Por que seus olhos dançam?
R: Por que eles não sabem cantar!

Você é ateu?
R: Não contexto a existência de Deus (não com a veemência que gostaria de conseguir), apenas decidi não ser um dos seus seguidores. Não sou cristão, budista, judeu, indú, islâmico nem nada assim. Apenas não me vejo na necessidade de usar figuras emblemáticas do imaginário onipotente para resolver minha vida ou responder o que minha inteligência ou falta de disposição à pesquisa não me permitem saber.

Mas você não vai se casar então?
R: Sim! Vou me casar, sim! Encontrei alguém muito especial que me fez rever mais seriamente essa história de casamento. Seguirei todos os processos litúrgicos necessários para que a cerimônia seja executada como sonhado por minha Branquinha, mas isso não me converte a religião A nem B! O acordo será feito entre eu e ela. Já é o bastante pra mim.

Você é gay?
R: É incrível como ainda ouço essa pergunta... Não sou afeminado, não uso cores gritantes ou que dêem margem a esse pensamento... Além de meu cabelo longo... Não, não pode ser apenas o cabelo... Me recuso a pensar que o povo que me circunda é tão quadrado. Respondendo: Eu NÃO sou gay. Tenho uma namorada que amo muito. A mulher da minha vida e não tem por que continuar a responder essa pergunta educadamente... A próxima vez que me perguntarem isso vou responder com um bem sonoro “vai tomar no cú!”.

Mas você não acha que deve se amar antes de querer que a outra pessoa te ame?
R: Em que momento de minha curta vida de 24 anos eu explicitei ao mundo falta de amor-próprio? Caraca! Eu me amo! Eu me amo tanto que me levo para passear, compro sempre minhas comidas favoritas, vejo os filmes que mais gosto, me dou banho e ainda me ponho pra dormir! É verdade que brigo comigo mesmo às vezes, mas sempre me perdôo... Sou uma puta de mim mesmo: me bato, me satisfaço e me perdôo. Simples assim!

Quando é que você vai crescer?
R: Estou crescendo agora mesmo. Se quer saber quando vou deixar de ser bobo, divertido e brincalhão, lamento cara, porque não está em meus planos. Quando não conseguir transformar um problema em graça, ele se tornará pesado demais pra eu resolver como me condicionei a fazer e desse modo precisarei cada vez mais da intervenção obrigatória de terceiros em minha vida e isso é algo que não me agrada. Quero ter muitas intervenções de terceiros, mas preferencialmente que elas ocorram por outros motivos além de minha incompetência!

Por que você fala tanto se nem tem gente te ouvindo?
R: Nasci com uma boca e um cérebro em perfeito funcionamento. A falha não é minha e sim daqueles que não usam seus ouvidos. Não desejo exclusividade. Continuo falando por que mesmo sem prestar atenção captamos muita informação involuntária na vida. Que assim seja. Como meus olhos nunca foram os melhores, aprendi a usar meus ouvidos desde cedo e somente esse fator me faz um bom falador. “Você nasceu com dois ouvidos, dois olhos e uma boca. Será que isso não te diz nada?”

Você é elétrico às vezes, mas volta e meia tá triste de novo. Por quê?
R: A lua que viu brilhar no céu ontem a noite é a mesma da noite anterior e será a mesma de hoje... A lua é a mesma, mas a noite é outra.

Você é feliz?
R: Mais do que mereço.

Sorria, pois ainda é possível e permitido fazer isso.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Sussurros e Canções



Um vento frio invade o lugar e percorre as mesas da Taverna Braço de Ferro.

Um homem escancarou a porta em fuga de algo.

Boa parte das pessoas ficou de pé ou de prontidão olhando para a entrada do estabelecimento.

Ele entrou tropeçando e dizendo:

HOMEM – Uma “Tocada”... Uma “Tocada”!

As atenções voltaram-se para a porta e lá estava uma mulher.Seguramente com mais 60 anos, vestida com mantos sobrepostos a uma túnica branca de barra prateada. Ela se apóia num cajado de madeira de ponta curva que lembra uma asa de pombo.

“GARÇONETE”– (sussurrando) É Donatyr!

A velha deu dois passos para dentro do estabelecimento e fechou a porta com o cajado numa destreza surpreendente.

HOMEM – É uma portadora de maus presságios!

DONATYR – Vocês bebem, comem e se divertem e nem se dão conta de que o mundo a sua volta perece!

BÊBADO – AH CALA A BOCA!!

Ela apontou o cajado em sua direção e ele caiu sentado em sua cadeira... Olhou em volta e seu semblante e postura mudaram totalmente... Ele está sóbrio!

DONATYR – Venho para esclarecê-los para que no futuro a culpa não seja lançada aos inocentes...“

Chegará um tempo em que as Trevas serão mais comuns do que a Luz e mais fortes do que ela em vários lugares. Um momento onde deverá se lutar ainda mais para ficar vivo, pois a morte não mais existirá como a conhecemos: Todo aquele que perder seu status de vivo se tornará então um soldado morto-vivo marchando em busca de um líder e espalhando destruição gratuita até encontrar alguém que guie seus passos.

Existirá também aqueles que se aproveitarão do caos.

Terá aqueles que comandarão os mortos na aquisição de mais soldados.

E terá também quem lute contra isso, mas infelizmente os predispostos a esse papel já começaram a ser assassinados.

Esse tempo não está tão distante assim. Para Algumas cidades ele já chegou e isso marca o início da ERA DOS SUSSURROS E CANÇÕES.


***


Um guarda entrou com uma bolsa repleta de pergaminhos à mostra. Olhou para ela e encostou junto a porta agora fechada.

É incrível o modo com que ela consegue prender a atenção de todos...


***


DONATYR - Um momento onde um nome valerá tanto quanto a alma ou respeito-próprio.

Surgirão nomes de heróis que serão cantados em volta do fogo para que as gerações seguintes sigam seu exemplo e serão descobertos nomes que deverão ser apenas sussurrados, pois sua simples menção em voz alta será responsável por trazer desgraças e infortúnios piores do que a morte para toda uma localidade.

Poucas serão as famílias, muitos serão os filhos sem pais.

E tudo isso por que alguém conseguiu entrar no Castelo das Cinzas e arrancar o coração do Arcanjo da Morte.

Lídia, a personificação da Morte decidiu então vingar-se da não-reação divina e mandou Pietra, o Arcanjo Negro - também conhecida como Parúsio do Fim* - causar no mundo dos homens tanta dor e revolta que as forças divinas não se manteriam omissas por mais tempo.

Desse dia em diante em lugares dispersos no mundo alguma cidade, vilarejo ou região amanhece circundada por um nevoeiro espesso. È o sinal de que este lugar já está morto e que até mesmo os mortos de lá se levantarão.”


***


Um silêncio fúnebre se instala na taverna. Donatyr abre a porta com o cajado e sai andando.

Assim que Donatyr sai, o clima pesado se mantém no ar por alguns instantes; Todos estão um tanto sem ação, mesmo os céticos ou bêbados.

O guarda faz uma expressão de ter voltado a si com um tom grave de apreensão. Retira da bolsa um pergaminho e o prega na parede interna ao lado da porta. Depois olha para todos e sai apressado.

Um dos homens da mesa próxima pergunta a todos:

HOMEM - O que é um "Tocado"?

"GARÇONETE" - Tocados são os mensageiros do Parúsio do Fim. São videntes capazes de predizer grandes perdas e danos... Mas pra que isso pessoal... Vamos beber!!

Algumas pessoas foram ver o tal pergaminho...

GARÇONETE" - Vamos lá gente. Uma rodada por minha conta!

Alguns agitaram e vieram em direção ao balcão, outros gritaram de alegria... Já uns poucos leram o pergaminho e saíram apressados ou tristes.


Nenhum deles teve uma noite tranqüila de sono depois desse episódio...

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Certas Lições São Pra Sempre - Os Frutos de Bernardo

O primeiro momento relacionado a esse conto está no link abaixo:
Certas Lições São Pra Sempre - O Tempo Não Espera:
***

Existiu um tempo em que o mundo era normal. Quando crianças eram crianças e adultos eram adultos. Onde velhos eram velhos e quando ainda se preferia sentar junto e conversar em família a sentar junto para ver televisão.

Um tempo onde ouvir um adulto contar uma história era algo instigante e acolhedor...

Em memória há tempos como este desenterro uma história que sempre me faz bem lembrar. Vou alterar alguns pontos pra florear esse conto, mas em sua essência é exatamente como eu ouvia toda vez.
******************

Bernardo foi para a cidade quando jovem depois da morte de seu pai. Arranjou um trabalho e com o passar do tempo retomou os estudos que tanto prezava.

Estava sozinho no mundo, todavia cumpriu parte de seu objetivo na vida e tornou-se um policial para acabar com desordens em locais públicos que podem deixar feridas pessoas inocentes – como ocorreu com seu pai a tantos anos atrás.

Conheceu uma moça – Idalina era seu nome – e com ela começou a namorar como mandava a tradição – Bernardo aprendeu a respeitar as tradições e os conselhos dos mais velhos. Não demorou para que se casassem e menos ainda para que tivessem um filho logo tinham terminado de comprar a casa nova num bairro costeiro da cidade, o bairro de Pombal. Deu ao menino o nome de seu pai: Fabrício.

Eram enfim uma família, mas como estamos falando de uma história que se passa numa cidade quase do interior e num tempo onde não haviam preservativos em qualquer farmácia... Mais filhos vieram...

Ter um filho por ano é algo um tanto difícil de administrar, mas o que realmente assustava e frustrava o então senhor Bernardo era quando os mais velhos já sabendo falar perguntavam algo como:

- Papai de onde vem os neném?

Já havia cinco crianças na casa; Fabrício, o mais velho tinha 11 anos e ainda não tinha resposta para essa pergunta – Depois vinha Aninha com 10, Edmundo com 9, Flora com 7 e Feliciano com 6 anos.

Bernardo não sabia outro modo de dizer, mas lembrou-se então das palavras de seu pai em seu leito de morte quando o mandou embora de casa:

PAI – Mais triste que isso que to fazeno é ter tirado sua criancice. Me promete que vai ter fios e dá eles todo amor e liberdade pra ser criança enquanto tiver que ser. Me promete? Me promete que eles vão ser só criança até a hora de virar adulto?

Repetiu pra si mesmo baixinho: “ser só criança até a hora de virar adulto”.

Era assim que criaria seus filhos, mas não deixaria uma pergunta sem resposta. Aprendeu em outra ocasião que quando não responde uma pergunta direta: dá o direito da pessoa que perguntou de inventar uma resposta que terá de ser aceita como verdade por falta de uma verdade. Seus filhos teriam então uma verdade sobre o nascimento dos seus irmãos, mas não uma verdade adulta e não naquela hora.

Acontece que dessa vez a pergunta surgiu porque alguma das crianças ouviu uma conversa entre Bernardo e Idalina sobre o filho que ela estava esperando a pouco mais de três meses. O então senhor, respirou fundo, se abaixou para ficar na altura dos olhos de seu filho e respondeu:

BERNARDO – Olha meu filho, fica tranqüilo que eu vou acertar umas coisas e vou mostrar pra vocês todos de uma vez só, de onde vem os neném, ta bom?

O menino abriu um sorriso gigante. Sabia que era verdade por que seu pai nunca esquecia nada. E era verdade mesmo.

Poucos meses depois Bernardo conseguiu comprar um jipe usado pra sair com a família nos finais de semana, mas ele tinha outra coisa em mente quando comprou... Queria levar Idalina para ter seu filho num hospital pela primeira vez, pois todos os cinco filhos nasceram com o auxílio de uma parteira na cama do casal.

Idalina estava pronta para ter seu bebê, mas ela se recusou a ir para o hospital por que não queria que nenhum outro homem visse “suas partes”. Estava irredutível. A casa estava cheia de crianças correndo de um lado para o outro em festa por que novamente algum deles ouviu que este seria o dia da chegada de seu irmãozinho ou irmãzinha. A parteira estava nervosa com a gritaria e foi quando Fabrício voltou para seu pai e perguntou:

FABRÍCIO, O FILHO – Pai. Meu irmão vai chegar hoje, mas de onde que ele vem?

Num lampejo criativo Bernardo sorriu.

BERNARDO – Vem Fabrício se arruma! Se arruma que nós vamos pegar seu irmão que ta chegando antes que sua mãe grite de vontade de abraçar ele!

E começou a juntar as crianças e a arrumá-las.

BERNARDO – Todo mundo criançada! Rápido que a gente não pode demorar aqui senão perde a chegada do seu irmãozinho!

Conduziu as cinco crianças até o jipe. Beijou sua mulher que entendeu em silêncio o esforço para tirar as crianças da casa e voltou apressado para o automóvel.

FABRÍCIO, O FILHO – Onde a gente vai pegar ele papai?

BERNARDO – Deixa de ser besta menino, no aeroporto, oras!

Isso mesmo, no aeroporto!

Bernardo ligou o carro e saiu com uma velocidade de uns 10km maior que os outros carros na estrada. Disse às crianças que estava indo muito rápido e que não poderiam fazer bagunça até chegar lá pra não perderem o avião de seu irmão!

Explicou que Deus vê que o pai gosta da mãe e dá um filho de presente. Daí coloca ele num avião lá no céu com tudo pago e manda pra casa da gente. As crianças ficaram encantadas com a descoberta maravilhosa: Papai do céu da um filho dele para o papai!

Depois de dar algumas voltas no bairro do aeroporto e de ludibriar as crianças com cada avião que passava pelo céu, Bernardo finalmente decidiu parar no aeroporto. Tudo era mágico! O chão brilhoso, as divisórias de vidro, os uniformes engraçados dos funcionários e é claro os aviões! Ah! Nunca houve brilho mais intenso que o que emanava daqueles dez olhinhos colados no vidro olhando a pista com os aviões parados, taxe ando, pousando e partindo rumo ao céu! Bernardo ficou um pouco mais de longe observando suas marcas no mundo, seus frutos do amanhã; enquanto as crianças olhavam abismadas o vôo dessas aves gigantes de metal e se perguntavam coisas que somente crianças iriam querer saber:

- Será que todos eles vão para a casa do Papai do céu?
- Claro que não. Alguns vão descansá numa árvore grandona ou então naquela nuvem lá ó!

- Será que o vô Fabrício foi embora em qual desses?
- Eu acho que naquele ali que tem a linha azul, por que azul é pra menino e rosa e vermelho é pra menina...

- Onde tão os ovos do avião mãe?
- É... Eu também não vi nenhum ovo de avião...
- Seu burro! Avião num bota ovo! Bota elicópitu!

- Como nosso irmãozinho vai descer se ele num sabe andar?
- O avião vai abaixar bem baixinho pra ele num caí eu acho...

Bernardo não sabia como estavam as coisas em sua casa, mas torcia e rezava baixinho pra que tudo estivesse bem. Viu que as crianças estavam inquietas e decidiu voltar pra casa com elas. Já havia dado tempo o bastante... Pelo menos tanto tempo quanto levou todos os cinco partos anteriores a este...

BERNARDO – Ei meninos! Vem aqui...

As crianças vieram afoitas como manda a idade.

BERNARDO – Eu perguntei ao moço do aeroporto e ele me disse que se o menino não chegou até agora é por que ele não vem mais hoje...

A menor das duas meninas salientou:

FLORA - Ele pode ter descido antes pai...

BERNARDO – Meu anjo. Eles num deixa em qualquer lugar... Tem que ser onde o pai ou a mãe pode pegar, entendeu?

Os outros riram da “ingenuidade” de Flora.

No caminho de volta pra casa era nítido que as crianças estavam um tanto quanto decepcionadas ou mesmo tristes com a não-chegada do irmão, mas foram reanimados pelo pai que começou a contar histórias de cada um deles quando ainda menor. Que tarde gostosa foi aquela de volta pra casa!

Chegando em casa a porta da casa ainda estava fechada. Bernardo pediu para que as crianças esperassem no carro enquanto ia ver “uma coisa”...

Voltou poucos minutos depois com uma cara de besta e um sorriso de pendurar as orelhas:

BERNARDO – Ele chegou crianças! Ele chegou!

Foi uma explosão. Todos gritaram de alegria e pularam nos bancos do carro; e na base das cotoveladas e empurrões correram todos para dentro...

Lá estava dona Idalina... Deitada, fraca, mas sorridente e com um pedacinho de gente no colo. Um pedacinho rosa de gente; o novo fruto do então senhor Bernardo!

Estavam todos felizes e eufóricos.

A parteira saiu na surdina, mas esqueceu-se de um detalhe importante: os lençóis sujos no canto!

Aninha em meio a sua comemoração encontrou os lençóis ensangüentados escondidos no canto do quarto e gritou de medo. Pensou que de algum modo o sangue fosse dela. Idalina de pronto para acalmar a filha disse que o sangue não era da criança, mas dela mesma e antes que a fantasia se desfizesse Bernardo interrompeu sua mulher e disse:

BERNARDO – Flora... Você desculpa o papai? Eu falei uma coisa pra você e nem sabia que você que tava certa... A gente foi esperar seu irmãozinho lá no aeroporto, mas quando o avião passou aqui por cima da casa, seu irmãozinho viu sua mãe lá de cima e pediu pra descê. Daí jogaram ele lá de cima.

As crianças fizeram um sonoro “Oh!” em coro...

BERNARDO – Como sua mãe tava esperando a gente trazer ele do aeroporto, ela nem agarrou ele direito quando caiu do céu e aí se machucou. Por isso tem pano sujo de sangue ali, mas agora ta tudo bem né Idá?

IDALINA – É sim Nardin. É sim...

BERNARDO – Então vamos chamar esse molequinho de Alberto. Que nem o Santos Dumont. Tudo bem gente?

CRIANÇAS - Tudo!!!

BERNARDO - E viva o Alberto!

CRIANÇAS – VIVA!!!

***

E foi assim que aconteceu o nascimento de Alberto, o último filho de Bernardo e Idalina.

O mágico da história está não na invencionice em si – na capacidade de improviso de Bernardo talvez – mas no fato das crianças terem comprado à história. Acreditaram fielmente, e assim foi até terem idade o bastante para descobrir outras histórias de onde vêm os bebês e terem seus próprios bebês!

Que saudade e inveja de tempos como estes...

Que as crianças do futuro possam ser realmente crianças e que possamos ajudá-las com isso!

Abra bem os olhos e sorria, pois ainda é possível fazer isto.

INUTILIDADES PÚBLICAS - Pequeno, eu?

Essa listagem
NÃO É
DE MINHA AUTORIA!
Achei engraçado; divertido e resolvi colocar aqui, pois havia prometido algumas receitas de inutilidades públicas
Se alguém conhece o autor me comunique para eu poder creditar aqui.
Espero que achem tão legal quanto eu pra que eu me sinta menos retardado...
***
30 COISAS QUE UM HOMEM PELADO NÃO QUER OUVIR

1. Eu já fumei cigarros mais grossos que isso.
2. Ahhh, que meigo.
3. Nós poderíamos apenas ficar abraçados.
4. Você sabia que tem uma cirurgia para consertar isso?
5. Faça-o dançar.
6. Posso desenhar aquela carinha feliz nele?
7. Uau, e seu pé era tão grande.
8. Tudo bem, nós vamos trabalhar em cima disso.
9. Ele vai fazer algum som se eu apertá-lo?
10. Ai, de repente me deu uma dor de cabeça…
11. (ri e aponta)
12. Posso ser honesta com você?
13. Que lindo, você trouxe incenso.
14. Isso explica o seu carro.
15. Talvez se a gente regar ele cresce.
16. Por que Deus está me punindo?
17. Pelo menos isso não vai demorar muito.
18. Eu nunca vi nada igual a isso antes.
19. Mas ele ainda funciona, né?
20. Ele tá parecendo pouco usado.
21. Talvez ele tenha uma aparêcia melhor na luz natural.
22. Por que nós não pulamos direto pra parte do cigarro?
23. Você está com frio?
24. Se você me embebedar primeiro…
25. Isso é uma ilusão de ótica?
26. O que é isso???
27. Sorte sua que você tem muitos outros talentos.
28. Ele vem com um compressor de ar?
29. Isso tá parecendo isca de peixe.
30. Então é por isso que você sempre julga as pessoas pela personalidade.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Cicatrizes e Lágrimas - A Última Execução


“Há 35 anos atrás na cidade de Vaios no Reino de Lótus nascia mais uma dentre tantas crianças desgraçadas escondidas debaixo de todo aquele luxo... Escondido na capela norte do Cemitério dos Lírios foi deixado á própria sorte para morrer de fome ou acolhido por algum desgraçado que fosse chorar as dores da perda de mais algum soldado...

Dois dias se passaram antes que alguém ouvisse o choro quase sem forças daquele aborto social. Seu crime? Ser filho de um magistrado com uma lavadeira! Sua sentença? A morte! Mas para a infelicidade de seus pais aquela foi a primeira das várias vezes que Zacary Hopkins escapou da morte!

Esse foi o nome que recebeu do soldado que o encontrou: Zacary Hopkins, descobriu-se anos mais tarde que é o nome de quem receberia as lágrimas e orações daquele soldado naquela fatídica manhã de inverno em que encontrou o bebê...

Zacary cresceu forte fisicamente, mas a privação dos primeiros afagos e do primeiro alimento natural deixou nele marcas para toda a vida: Ele não conseguia aproximar-se de mulher alguma e às vezes uma dor o atormentava e o fazia mancar da perna direita... Os clérigos disseram que não havia nada de errado com seu corpo, que isso era apenas sua mente lembrando-o de algo que n]ao deveria esquecer: o mundo é cruel e você não tem como correr disso!

Ao completar 23 anos, por acidente Zacary descobriu a identidade de seu pai natural e descobriu inclusive que sua mãe tinha sido morta meses depois de seu nascimento a mando dele...

Saber o que havia acontecido já o atormentava desde que o soldado lhe confessou tudo aos 15 anos, mas agora, saber de tudo e ainda ter de ver o causador de sua dor todos os dias e não poder sequer lhe dirigir a palavra era doloroso demais!

Zacary se enclausurou em casa para evitar contato com o mundo... Mais do que nunca queria morrer... Sentia-se mais impotente que o pior dos covardes...
Mas isso mudou do dia para a noite...

Certa noite ele acordou por conta de um pesadelo onde via sua mãe ser assassinada pelos capangas contratados por seu pai e desse momento em diante, maior que sua vontade de morrer era sua vontade de matar aquele que lhe trouxe toda espécie de desgraças... O desejo de matar seu pai!

Começou então a seguir seus passos, tornou-se uma sombra de seu algoz.

Em pouco tempo foi descoberto, mas já sabia o bastante para que qualquer juiz com a mínima noção de justiça o mandasse enforcar, mas seus planos foram frustrados,, pois o juiz foi facilmente comprado e o enforcado foi o soldado que o acolheu ainda bebê enquanto Zacary foi lançado num calabouço úmido e escuro para enlouquecer e morrer se alimentando de sua própria carne...

Acontece que todo prisioneiro que era colocado junto dele como castigo nunca mais voltava para sua cela de origem... Todo aquele que confessava seus crimes e não alegava arrependimento era brutalmente assassinado por Zacary!

Um dia um grupo de magistrados foi preso e condenados a decapitação em praça pública, mas ninguém se atreveria a cumprir tal sentença por receio das conseqüências... Os três carrascos da cidade fugiram durante a noite com suas famílias para não serem forçado a isso.

Foi então que alguém indicou Zacary: um prisioneiro recluso que tinha sangue frio o bastante para tal e não teria problema algum se alguém o matasse por vingança, seria inclusive um favor!

Fizeram com ele um acordo de que sua pena seria reduzida em um ano para cada acusado que matasse como o carrasco da cidade. Ele aceitou.

Para surpresa dos guardas e magistrados, Zacary foi carismático e fez mais do que matar os acusados: Transformou aquilo num espetáculo e ele tinha tudo sob controle, haviam flechas apontadas para seu coração o tempo todo, mas não ficaria bem matarem o carrasco antes que ele matasse o último acusado...

Foi violentamente espancado ao retornar para o calabouço, mas teve a confirmação de que o acordo não foi alterado.

Novas execuções marcadas e por mais que já houvesse outro carrasco contratado, o povo chamava por 'Hopkins, o justo’!

Foi assim que iniciou sua carreira de carrasco e foi assim que aprendeu muito sobre as leis e a justiça...

Executou a todos que tentaram matá-lo por sua primeira execução e inclusive seus mandantes!

E em alguns do que executava gostava de atiçar o povo marcando os acusados com um X perto do coração dizendo que ‘assim os carrascos do inferno soubessem que deviam dar um tratamento especial a esses, pois eram realmente culpados segundo não somente a lei dos homens como também as leis de Alghor’ - O deus da Justiça - e o povo adorava isso.

Anos mais tarde conseguiu finalmente prestígio o suficiente para que as provas que arrumou fossem o bastante para executar seu pai e seus capangas por seus crimes...

Nessa fase de sua vida já era um homem livre e decidiu mudar-se de Vaios para uma cidadela ao sul que tinha inchados os calabouços... Emeral era seu nome... Foi seu primeiro carrasco e foi igualmente aclamado pelo povo.

Hopkins; depois de famoso conseguiu a autorização do prefeito da época para marcar suas 'vítimas' também em Emeral.

Depois de muitos anos parece que finalmente a paz se estabelecia no coração entrecortado daquele homem quando algo inusitado aconteceu...
Um homem foi executado por matar 3 crianças num ritual à Alcador - O deus da morte - mas meses depois mais duas crianças foram mortas e ao interrogar o acusado desses novos crimes ele confessou ser o autor também dos outros 3 assassinatos!

Hopkins o justo executou um homem inocente!

Ele não era merecedor de apoio, mas os magistrados decidiram ignorar esse acontecimento e não levá-lo a público dado o bom trabalho e a reputação do carrasco que lhes servia...

Mas eu não posso me calar! Já é ruim carregar o nome de um herói de guerra, um pai de família, irmão amigo e agora não irei macular esse nome com um ato injusto deste!

Não sou Zacary Hopkins, não mereço esse nome! Sou um aborto das diferenças sociais! Um símbolo da crueldade necessária àqueles que querm ficar por cima dos outros!

Não cometi um só ato merecedor de punição que não tenha sido sentenciado e punido, não guardo nenhum pecado anterior que não tenha sido perdoado... Até agora... E mesmo a falha de julgamento sendo vossa, a mão que ceifou uma vida inocente é minha e desta forma como o carrasco local devo exercer meu trabalho de executar os comprovadamente culpados, neste caso eu mesmo.


Melancolicamente,Aborto, o Carrasco"


***


Essa foi a carta-testamento encontrada ao lado do cadáver de Zacary Hopkins, enforcado na praça da Tribuna da Cidadela Emeral.

Ele foi o carrasco até o fim e se fez vítima de sua última execução.

Que Alghor veja esse ato como justo e que Lynax - o deus da Vida - o dê vida eterna junto aos anjos...