domingo, 12 de outubro de 2008

A Torre do Relógio - Cadê Meu Tac?!



Meu celular cai no chão
A bateria voa pelos ares
Sem repique de caixa
Nem marcação de chimbal.
Não ligo mais pra isso.
Não ligam mais pra mim
E a ligação se faz metáfora.
Então não ligo mais pra nada.

Tic Tac.
Quando fugi da prisão cotidiana fui recapturado ao ganhar um lindo relógio Tic Tac de pulso e de prata.

Fiquei exultante com o novo adereço, mas me apavorei ao vê-lo se revelar um novo grilhão... Praticamente, metaforicamente e literalmente!

Modelo incomum a mim; pus no pulso e não consegui tirar! Minutos depois da felicidade; o desespero. Tentativas vãs, frustrantes, desgastantes.

O homem não inventou o tempo, o descobriu.
Não o controla; o observa, conta.
Não o subjuga; é dominado por ele.

Quando aceitei o fato de estar preso e parei de pensar Tic, me soltei Tac.

Caramba, como era simples o meio! Uma travinha apenas e pronto. Era necessário apenas ter paciência para encontrá-la. Desde então aquele relógio se tornou especial; Não por me dominar, mas por ter me proporcionado essa lição (X). Não era mais meu contador de tempo, meu “apressador’’ ou agenda, mas meu gatilho de parada...

PRESS STOP.... SLOW TIC TAC.

Meu coração aprende a acompanhar minha respiração e desiste de ultrapassar meus pensamentos Tic Tac.

Ontem tirei meu relógio do pulso e coloquei no bolso da calça que usava, mas depois tive de trocar de roupa para um ensaio. Fui colocá-la num lugar seguro e não incômodo Tic Tac.

Um estrondo.
Uma bomba.
Um som opaco me revelou que o mundo estava prestes a parar... E assim que vi meu relógio caído no chão Tic sem Tac... O mundo parou!

Estava cercado por umas 9 pessoas separadas em 2 grupos e nenhum deles pareceu ouvir. Cadê meu Tac?!

Larguei a calça em cima de algo, me abaixei pra apanhar o relógio e eis que notei que a pulseira estava quebrada, Caralho! Cadê meu Tac?!

Ufa! Não estava quebrado. Uma pecinha se soltou com o impacto. A pecinha: uma travinha AQUELA travinha, o gatilho de meu SLOW-STOP.
Como vendo tão mal encontraria algo do tamanho de MEIA agulha?

Em volta o mundo girava.

Corria.

Mas meu mundo se mantinha inerte; estacionado. Não daria para pedir ajuda, pois estávamos em dimensões diferentes, portanto, abaixei mais ainda e procurei: Nada.

Considerei cruzar as dimensões e foi só então que despertei novamente (como quando se acorda de um sonho ainda dentro de um sonho) e percebi que estava fazendo as coisas certas pelos motivos errados (ou seriam meios?), enfim, quando me destravei dessa trava Tac encontrei a travinha de meu relógio a centímetros de mim e me toquei que o Tic Tac era meu uma vez que meu relógio é digital.

A relação que temos com o tempo é o que o torna nosso.

Não espere as 12 badaladas, ouça seus próprios sinos

e

Sorria porque ainda é possível fazer isso.

Nenhum comentário: