quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O Triste Fim do Coelhinho Puff


Há um tempo atrás eu assistia um desenho animado (dentre tantos) que eu adorava. Era um daqueles feito mais para adultos que para crianças, mas pouca gente percebe (assim como O Pequeno Príncipe), refiro-me ao Ursinho Puff.

Atualmente, Pooh. O importante, porém é que eu o adorava.

Eu era o Bisonho, atualmente Ió (e este eu ainda adoro).

Encerrando, portanto minha deficiente introdução, vamos ao que importa:

Certa vez juntamente com meus irmãos e meu primo, ganhei um presente comum: um Puff, mas quiseram chamá-lo de Abel por se tratar de um coelho. Isso mesmo, meu Puff era um coelho!

Isso não era estranho pra mim porque meu vizinho tinha um cachorro chamado ‘Tigre’ que era o último remanescente da prole de outro cachorro chamado Lobo’.

“O que é um nome? Que não é mão nem pé, nem parte alguma pertencente ao corpo de um homem? A rosa, se tivesse outro nome não teria o mesmo cheiro?”
- Willian Shakespeare In Romeu e Julieta –


Adorávamos o Puff. Na época eu tinha por volta de 8 anos de idade e meu quintal tinha muito material velho, entre entulhos e móveis usados. A casinha de Puff estava no meio desses materiais: um fogão velho (não se assustem já tive um gatinho que morava numa gaiola... conto essa história em outra oportunidade).

Passamos muito tempo brincando com ele. Revezávamos através de sorteio as horas exclusivas e eu sempre passava o maior tempo com ele.

Ganhamos de minha tia que sempre dizia antes de ir trabalhar para não deixarmos o coelho solto no quintal para ele não fugir, se machucar ou ser atacado pelo Tigre.

Sempre obedecíamos, mas crianças não entendem bem a urgência nas palavras dos adultos e conceitos como “sempre”, “tudo”, “nunca”, “nada” e “infinito” acabam por ter verbetes flutuantes nas pequenas mentes. Atenção e concentração são características mais do que frágeis: hora barreiras impenetráveis, hora uma cortina de miçangas.

Um dia saímos todos para o supermercado e como era uma festa quando saíamos para os reinos de consumo. Tudo mais desaparecia da cabeça. Quando voltamos para casa Puff não estava no fogão / casinha e os adultos estavam cochichando e falando manso para gente.

O vizinho apareceu no muro com algo na mão e achando que ainda não havíamos voltado disse para minha avó:

- Ta aqui dona Izalina, já tirei e tratei o pezinho do coelho. Agora é só colocar no sol para secar que dá fazer um chaveiro da sor...

Nesse instante ele nos viu.

Nesse instante nós o vimos.

No instante seguinte corríamos todos para dentro de casa aos prantos pela morte do coelho!

Depois...

Minha avó contou que deixamos (eu deixei) o Puff solto no quintal e o tigre apareceu, mas ela não conseguiu alcançar o coelho antes do cachorro. Deste modo Puff morreu para as presas do tigre.

Choramos muito naquela manhã, mas tudo passa... Na hora do almoço já estávamos melhor até descobrirmos o que tinha para o almoço: farofa com carne de coelho!

Carne do Puff!!

Nunca esqueci de meus irmãos soprando farofa com seus soluços... Comíamos e chorávamos...

Tivemos muitas saudades dele, mas o bicho era gostoso de verdade...

Sentado no Porto

Certo dia falei pra mim mesmo que não havia muito para onde ir...

Daí me respoondi dizendo que lugares existem aos montes e a motivação é que estava em falta.

Encontrei o que me motiva, e você? O que te motiva?