segunda-feira, 20 de agosto de 2012

DE NOVO E DE NOVO E DE NOVO...

Retorno mais uma vez das sombras do silêncio. Estive ausente por mais tempo do que gostaria e lamento saber que isso tornará a acontecer, pois a maior graça, e desgraça, que pode acometer um homem é se conhecer o bastante a ponto não lutar contra suas mazelas, pois sabe como o resultado delas pode ser proveitoso por mais doloroso, sujo, imoral e feio que isso possa parecer aos olhos alheios. Um dos motivos de minha miopia não ser apenas física. Eu me faço míope com relação a algumas de minhas facetas, cego com relação a outras e abro bem os olhos para o que sobra.

Este sou eu. Seco. Sincero. Complicado. Louco e adoravelmente disposto a abrir as portas, janelas e persianas de minha vida para quem interessar possa, mesmo que meu interesse se desvaneça ao primeiro sinal de superficialidade gratuita permanente.

Trouxe presentes para vocês embrulhados em suor e enfeitados com sorrisos amarelos. Carrego em uma das mãos todos os desejos infantis que meu coração já conseguiu formular, nos bolsos trago toda a libido e euforia animal que consigo conter; e na outra mão um punhado de poemas amargos para que possam se deleitar. Bem-vindos... De novo.

sábado, 4 de agosto de 2012

ALVO ÁLVARO 2 - MELANINA E MURPHY

- A Lei de Murphy deveria se chamar a Lei de Álvaro!

- Não seja tão duro com você mesmo Al, Você tá forçando agora, vai...

- Forçando? Acompanha o raciocínio Plínio: Dados não confirmados, mas até que me provem o contrário, o que sei é que nasce um albino... Ops desculpe. PODE nascer uma albino a cada catorze mil pessoas. Catorze mil! E olha eu aqui!

- Tinha que ser alguém não é mesmo?

- Mas tinha que ser eu?! Presta atenção cara: pra chutar baixo, um homem libera uns vinte milhões de espermatozóides por ejaculação. Vinte milhões! E justamente o premiado é o míope sem melanina aqui! E não me venha com essa de que já nascemos vencedores por ganhar a corrida dos espermatozóides que isso é uma balela! Acho até que eu só tava passando por la e tropecei num cistosinho e pronto, fui jogado de cara naquele óvulo desocupado e oferecido da minha mãe.

- Cara, não fala assim. Até parece que você não gosta de ter nascido.

- Gosto de ter nascido, mas não gosto de ter nascido bem no dia de Murphy! Você ainda não entendeu. Eu sou albino, tenho miopia, astigmatismo, nistagmo, espinhas, sou fanho e ainda to engordando que nem um peru no final do ano desde que começou essa droga de puberdade! Eu tropeço em tudo. Sempre perco meu ônibus, nunca sou escolhido para o futebol e ainda me queimo todo por ficar no ponto a tarde esperando o ônibus para ir para o curso de teatro, para onde inclusive fico de fora dos papéis importantes de peças clássicas por que ninguém quer um Romeu ou um Jesus albino, mesmo quando tenho mais talento que os escolhidos! Tudo isso sem contar o modo com que me olham por conta desta pele branca e este cabelo amarelado que não é branco e nem amarelo...

- Eu gosto da cor do seu cabelo – disse Luciane ao passar do lado dos dois rapazes e ouvir parte da conversa.

- Eu também gosto – respondeu embriagado o outrora reclamão Álvaro..

- O poder das mulheres cura tudo – concluiu Plínio arrastando seu amigo para longe de um mico sentimental.