sábado, 4 de agosto de 2012

ALVO ÁLVARO 2 - MELANINA E MURPHY

- A Lei de Murphy deveria se chamar a Lei de Álvaro!

- Não seja tão duro com você mesmo Al, Você tá forçando agora, vai...

- Forçando? Acompanha o raciocínio Plínio: Dados não confirmados, mas até que me provem o contrário, o que sei é que nasce um albino... Ops desculpe. PODE nascer uma albino a cada catorze mil pessoas. Catorze mil! E olha eu aqui!

- Tinha que ser alguém não é mesmo?

- Mas tinha que ser eu?! Presta atenção cara: pra chutar baixo, um homem libera uns vinte milhões de espermatozóides por ejaculação. Vinte milhões! E justamente o premiado é o míope sem melanina aqui! E não me venha com essa de que já nascemos vencedores por ganhar a corrida dos espermatozóides que isso é uma balela! Acho até que eu só tava passando por la e tropecei num cistosinho e pronto, fui jogado de cara naquele óvulo desocupado e oferecido da minha mãe.

- Cara, não fala assim. Até parece que você não gosta de ter nascido.

- Gosto de ter nascido, mas não gosto de ter nascido bem no dia de Murphy! Você ainda não entendeu. Eu sou albino, tenho miopia, astigmatismo, nistagmo, espinhas, sou fanho e ainda to engordando que nem um peru no final do ano desde que começou essa droga de puberdade! Eu tropeço em tudo. Sempre perco meu ônibus, nunca sou escolhido para o futebol e ainda me queimo todo por ficar no ponto a tarde esperando o ônibus para ir para o curso de teatro, para onde inclusive fico de fora dos papéis importantes de peças clássicas por que ninguém quer um Romeu ou um Jesus albino, mesmo quando tenho mais talento que os escolhidos! Tudo isso sem contar o modo com que me olham por conta desta pele branca e este cabelo amarelado que não é branco e nem amarelo...

- Eu gosto da cor do seu cabelo – disse Luciane ao passar do lado dos dois rapazes e ouvir parte da conversa.

- Eu também gosto – respondeu embriagado o outrora reclamão Álvaro..

- O poder das mulheres cura tudo – concluiu Plínio arrastando seu amigo para longe de um mico sentimental.

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