quinta-feira, 10 de março de 2016

A INTOLERANTE, OS APAIXONADOS E O TELEPATA

Entrei no ônibus e me sentei ao lado de uma senhora. Continuei a leitura de um livro que trazia comigo para estas ocasiões, e então percebi a inquietação de minha vizinha de assento. Olhei para o banco da frente ao nosso e percebi (pela fala e trejeitos) que os ocupantes - dois rapazes - eram gays, e conversavam bem baixinho sobre preferências musicais e artisticas.


Perfeitamente normal: gente se gostando e gente desgostando de gente se gostando.


Até que em dado momento, as preferências combinaram e um deles, feliz, deu um beijinho na bochecha do outro. A mulher não emitia som algum, mas fez uma cara de tamanha surpresa seguida de indignação que eu me surpreendi dela não ter enfartado ali. Passou a balançar a cabeça negativamente, quase não se contendo.


Por coiscidência os rapazes desciam no mesmo ponto que eu, pois se levantaram para sair. Daí quando o ônibus abriu a porta, eu não resisti; me aproximei mais da senhora e sussurrei em confidência:


- "Se mais alguém pudesse ouvir o que você pensou, estaria bem encrencada..."


Desci do ônibus e a vida segue normal, mas acho que até agora aquela senhora está com aquela cara de espanto e se perguntando se deixou escapar algo ou se eu ouvi mesmo as merdas que ela estava pensando.


Cuidado crianças, pensar alto também ofende.

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