quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Torres Brancas - Importância Histórica


Torres, o historiador e escriba local preparava-se para uma festa importante que só iria pela necessidade profissional de ter contatos.

Depois de finalmente decidir-se por não desistir de mais essa oportunidade de mostrar seus escritos, pára em frente ao guarda roupa, fita seu interior por mínimos segundos e retira toda a muda de roupa que usará mais a noite...

Veste-se e se vê enlaçado por longo tempo na frase escrita no espelho de sua cômoda: “durmo para revigorar, sonho para viver e acordo para sofrer”.

Sentiu vontade de voltar a dormir para que logo viessem os sonhos... E foi no desenvolver deste pensamento que Germano entrou em seu quarto pela janela, com uma garrafa de vinho barato na mão.

Germano – Preciso de você.

Torres – Hoje não posso.

Germano – E por que não?

Tores - ...Um jantar... É importante!

Germano – Meus motivos também são importantes, oras!

Torres – Vou falar de minhas descobertas...

Germano – Você as concluiu, por acaso? A história não pára caro amigo! Ela é velha, mas não morrerá se demorar mais algumas horas antes de mostrá-la ao mundo...

Torres – Por que você sempre aparece nos momentos mais... Mais... Impróprios?!

Germano - Hoje cheguei no melhor dos momentos. É você quem vai fazer a gente se atrasar! Será breve. Te juro! Você vem ou não?

Torres – Tudo bem.

Saíram ambos pela janela. Germano conduziu Torres até o meio da estrada principal que não tinha movimento algum.

Germano – Chegamos!

Torres – O que tem de mais aqui? Pra que precisa de mim?

Germano – O que tem de mais aqui é um céu gigante acima de nós e uma cidade fedida, pequena e mal iluminada que acolhe nossas vidas miseráveis com prazer! E para quê preciso de você? Essa é mais fácil ainda: você é o historiador, e hoje é a primeira vez na história do mundo que alguém bebe vinho no meio da rua mais movimentada de sua cidade sem nenhuma carruagem ou charrete por perto, debaixo da primeira chuva de outono acompanhado de seu melhor amigo!

Torres – Não acredito que me trouxe aqui para uma tolice dessas! E eu me dei o trabalho de vir...

Torres virou às costas e começou a andar quando os primeiros pingos de outono caíram em seus ombros... Ficou imóvel...

Em poucos segundos a chuva estava forte e ensopou sua roupa... Ele não fez esforço para fugir dela, apenas esticou um dos braços para trás e disse:

Torres – Dá cá um gole desse vinho, vai...

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