A moça esguia que agora atende pela alcunha de Lírio - por conta de seus cabelos curtos e completamente brancos - caminha sozinha e a noite entre as ruas pouco iluminadas da cidade de Derrota, quando percebe que está sendo seguida a umas três quadras por um homem com ar distraído. Ela se vira bruscamente e diz:
- Já tenho meus próprios demônios para enfrentar. Você não pode procurar outra bruxa pra atormentar?
Apesar da pouca luz é possível ver que o homem tem seu corpo magicamente alterado: suas roupas encardem e furam e seus tênis se desfazem em tiras de couro e plástico, sua pele ruboriza e seus olhos esbugalham. A voz que saí de seus lábios é rouca e irônica.
- Mas gosto de você – disse apontando para ela.
- Só que eu não gosto de você – respondeu de pronto a mocinha que tornou a virar-se e começou a caminhar novamente.
- Exatamente – ele correu para ficar ao lado dela - Eu te irrito.
- Acredito que não querer me ver nervosa...
- Muito pelo contrário criança, eu adoraria.
Ela lembrou de todas as vezes que foi chamada assim e parou dizendo:
- Vá embora Distreotah!
E aqueles olhos arregalados quase saltaram das órbitas.
- Como sabe meu nome? Como sabe meu nome se eu não o disse? Pelo menos há 120 anos não o ouço vindo de outros lábios que não os meus!
Ela tirou a franja de seu cabelo de cima de um dos olhos, prendeu atrás da orelha, sorriu e afirmou:
- Pois assim que o vi soube seu nome.
- Impossível! Está mentindo! Diga a quem recorreu para saber de mim!?
Ela parou e o fitou séria.
- A você mesmo.
- Minha mente! Pode ler minha mente?
Ela cansada de situações como essa cruzou os braços.
- E não somente ler, mas também vasculhar, pois não estava pensando em mim quando me aproximei de você!
Ele estava mesmo impressionado e de certo modo assustado. Lírio olhou para cima e viu acima das casas a torre do relógio da praça marcando seu atraso.
- Pois sim Distreotah, sabendo de apenas umas das várias coisas que posso fazer, quer desaparecer da minha vista?
- Agora mesmo é que não te deixarei em paz criança!
- É a segunda vez que me chama assim e eu não gosto. Será que é burro pra não saber que um corpo aparentemente jovem nem sempre quer dizer mente jovem, ou mesmo alma jovem? Sabe Distreotah, você está me cansando.
- Eu sei. É um dos efeitos de minha presença – se gaba de sua origem abissal.
- Então não perderei mais tempo com você. Vá embora agora e viverá parar atormentar quem quiser por mais alguns séculos.
- Ou o quê? Ousa me desafiar... CRIANÇA?
Ela olha mais uma vez para o relógio da torre e sem voltar seu olhar para ele pergunta:
- É verdade que até os demônios tem pesadelos?
Distreotah sentiu suas pernas tremerem e algo ofuscar seus olhos. Ela continuou.
- É verdade que até mesmo vocês não fogem ao tormento do sonho negro?
Os sentidos do capitão abissal estavam enlquecidos. Muitas imagens se misturando dolorosamente ante seus olhos, muitas feridas se abrindo e fechando em seus pulsos e pescoço.
- Sai da minha cabeça!
As imagens mutáveis e desordenadas começam a ganhar cor quente e depois brilho a sua frente... Uma silhueta que apesar de ao estar completa já causa o pior dos arrepios que alguém pode sentir.
- É verdade Distreotah, que o que mais teme é encontrar com um arcanjo?
Ele se contorce e se vira tentando evocar suas garras afiadas em vão...
- Não! Não!
Uma luz envolveu essa parte da calçada.
- Eu se fosse você não olharia pra trás...
Ele agiu mais que impulsivamente virando-se pra olhar.
- O quê? Não! Fique longe! Longe!
- Eu avisei Distreotah.
- Saiam daqui! Saiam!
E o demônio consegue evocar suas garras para o combate e se mutila em defesa a falange onírica que o ataca... Em sua mente apenas.
Lírio esforça-se para não se desesperar, mas acalma-se ao olhar novamente o relógio e ver que agora tem tempo sobrando para chegar ao seu compromisso e rememora uma lição antiga:
- O que é o tempo senão uma questão de respiração e concentração? Se algo te afeta ou controla, pode também ser afetado e controlado por ti.
- Já tenho meus próprios demônios para enfrentar. Você não pode procurar outra bruxa pra atormentar?
Apesar da pouca luz é possível ver que o homem tem seu corpo magicamente alterado: suas roupas encardem e furam e seus tênis se desfazem em tiras de couro e plástico, sua pele ruboriza e seus olhos esbugalham. A voz que saí de seus lábios é rouca e irônica.
- Mas gosto de você – disse apontando para ela.
- Só que eu não gosto de você – respondeu de pronto a mocinha que tornou a virar-se e começou a caminhar novamente.
- Exatamente – ele correu para ficar ao lado dela - Eu te irrito.
- Acredito que não querer me ver nervosa...
- Muito pelo contrário criança, eu adoraria.
Ela lembrou de todas as vezes que foi chamada assim e parou dizendo:
- Vá embora Distreotah!
E aqueles olhos arregalados quase saltaram das órbitas.
- Como sabe meu nome? Como sabe meu nome se eu não o disse? Pelo menos há 120 anos não o ouço vindo de outros lábios que não os meus!
Ela tirou a franja de seu cabelo de cima de um dos olhos, prendeu atrás da orelha, sorriu e afirmou:
- Pois assim que o vi soube seu nome.
- Impossível! Está mentindo! Diga a quem recorreu para saber de mim!?
Ela parou e o fitou séria.
- A você mesmo.
- Minha mente! Pode ler minha mente?
Ela cansada de situações como essa cruzou os braços.
- E não somente ler, mas também vasculhar, pois não estava pensando em mim quando me aproximei de você!
Ele estava mesmo impressionado e de certo modo assustado. Lírio olhou para cima e viu acima das casas a torre do relógio da praça marcando seu atraso.
- Pois sim Distreotah, sabendo de apenas umas das várias coisas que posso fazer, quer desaparecer da minha vista?
- Agora mesmo é que não te deixarei em paz criança!
- É a segunda vez que me chama assim e eu não gosto. Será que é burro pra não saber que um corpo aparentemente jovem nem sempre quer dizer mente jovem, ou mesmo alma jovem? Sabe Distreotah, você está me cansando.
- Eu sei. É um dos efeitos de minha presença – se gaba de sua origem abissal.
- Então não perderei mais tempo com você. Vá embora agora e viverá parar atormentar quem quiser por mais alguns séculos.
- Ou o quê? Ousa me desafiar... CRIANÇA?
Ela olha mais uma vez para o relógio da torre e sem voltar seu olhar para ele pergunta:
- É verdade que até os demônios tem pesadelos?
Distreotah sentiu suas pernas tremerem e algo ofuscar seus olhos. Ela continuou.
- É verdade que até mesmo vocês não fogem ao tormento do sonho negro?
Os sentidos do capitão abissal estavam enlquecidos. Muitas imagens se misturando dolorosamente ante seus olhos, muitas feridas se abrindo e fechando em seus pulsos e pescoço.
- Sai da minha cabeça!
As imagens mutáveis e desordenadas começam a ganhar cor quente e depois brilho a sua frente... Uma silhueta que apesar de ao estar completa já causa o pior dos arrepios que alguém pode sentir.
- É verdade Distreotah, que o que mais teme é encontrar com um arcanjo?
Ele se contorce e se vira tentando evocar suas garras afiadas em vão...
- Não! Não!
Uma luz envolveu essa parte da calçada.
- Eu se fosse você não olharia pra trás...
Ele agiu mais que impulsivamente virando-se pra olhar.
- O quê? Não! Fique longe! Longe!
- Eu avisei Distreotah.
- Saiam daqui! Saiam!
E o demônio consegue evocar suas garras para o combate e se mutila em defesa a falange onírica que o ataca... Em sua mente apenas.
Lírio esforça-se para não se desesperar, mas acalma-se ao olhar novamente o relógio e ver que agora tem tempo sobrando para chegar ao seu compromisso e rememora uma lição antiga:
- O que é o tempo senão uma questão de respiração e concentração? Se algo te afeta ou controla, pode também ser afetado e controlado por ti.
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